Walt Disney pode ter feito muitas coisas fantásticas em seu tempo, mas entupir o imaginação das meninas com princesas certamente não foi uma das melhores. Se pelo menos Cinderela, Bela Adormecida, Branca de Neve, Ariel e tantas outras tivessem ficado nos desenhos, talvez não incomodassem tanto. Mas romances açucarados para pré-adolescentes nos quais meninas comuns descobrem que - oh! - são princesas, ou que aquele carinha lindo mas irritante é na verdade - oh! - o herdeiro de um reino distante, já torraram a paciência há muito tempo.

Se você for uma menina de no máximo 14 anos que ainda não cansou desse tipo de filme, vá assistir a Um príncipe em minha vida (The Prince & Me, 2004) sem medo. Nem precisa terminar de ler este texto, o filme foi feito pra você. Mas como esse não é o meu perfil e minha função aqui é resenhar o mais recente exemplar do gênero, sinto muito, mas "vocês vão ter que me engolir".

A diretora da vez a encarar um conto de fadas modernizado é Martha Coolidge (Os três desejos). Em seu filme, Edvard Valdemar Dangaard (Luke Mably, insosso), o Príncipe da Dinarmarca, decide rumar para o Estado norte-americano de Wisconsin depois de ver um comercial de TV de "Girls Gone Wild", uma produção amadora cheia de universitárias enlouquecidas e safadas. Para o desespero da família real, o jovem acredita que tal paraíso de orgias será o local ideal para que ele complete seus estudos e parte para a terra do Tio Sam, acompanhado de um lacaio, Soren (Ben Miller).

Seu primeiro erro ao chegar no novo continente é passar uma cantada em Paige Morgan (Julia Stiles, com a competência habitual), uma estudante determinada, que é modelo de integridade e trabalha como atendente de um bar. O banho de refrigerante que ele toma da arredia garota acaba despertando seu espírito e Edward decide conquistá-la de qualquer maneira.

Não tarda para que o casal desenvolva uma amizade e que o rapaz seja convidado por Paige para o Dia de Ação de Graças em sua casa. Logo começa o amor e o primeiro obstáculo: a identidade do príncipe é revelada pelos paparazzi.

O começo é muito parecido com Um príncipe em Nova York, mas sem a graça do filme estrelado pelo Eddie Murphy. Basta trocar a Dinamarca por Zamunda e piadas engraçadas por sorrisos amarelos. Depois dele, o conflito da descoberta da real identidade do protagonista causa uma certa separação, mas tudo rapidamente entra nos eixos. Só que Um príncipe em minha vida ainda está longe de terminar...

Há mais dois atos na produção de 113 minutos. O primeiro mostra Stiles tentando cativar a família real. E o outro serve para que ela demonstre que tem capacidade de governar o país nórdico. Ambos são igualmente absurdos e vexaminosamente previsíveis. O filme tem até a famosa "discussão na chuva" ® e a não menos notável "explosão no laboratório de química" ®. Dá pra levar a sério?