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Ouvi um comentário na saída da sessão de The World´s Fatest Indian que sintetiza o filme: "Pode não ser o melhor filme, mas que é divertido é". Acompanhar a trajetória de Burt Munro, da longínqua Invercargill, na Nova Zelândia, até as salinas de Bonneville, em Utah, nos EUA, é, de fato, muito divertido.
Mas quem é Burt Munro? Vamos por partes. O filme de Roger Donaldson, o mesmo de 13 Dias que Abalaram o Mundo, narra um fato verídico: a história do neozelandês Burt Munro que com uma Indian Scout - moto da década de 20, com menos de 1000 cc, na qual o piloto a dirige praticamente deitado - quer bater o recorde de velocidade para a sua categoria. Para bater o recorde, Burt leva a moto na bagagem, primeiro num navio e depois de carro, à famosa Bonneville, mesmo local que foi filmado Brown Bunnny, de Vincent Gallo, e local onde acontece um evento que registra a velocidade de motos e carros.
Esse pequeno resumo poderia resultar num filme banal se Burt não fosse quem ele é e se não fosse interpretado por Hopkins. Burt é um excêntrico, "um velho sujo" que mora num galpão num bairro de classe média e é mal visto pelo vizinho porque a grama alta do seu lote, na verdade, capim, desvaloriza o bairro.
Burt não liga para o que dizem dele, aliás não liga pra muita coisa a não ser pro seu sonho. É um ser à parte que só corta as unhas do pé quando o sapato já não entra mais e com esmeril, ferramenta que está ao seu alcance. Lembra, devido à persistência, o velhinho de História Real que com um trator cruza os EUA para ver o irmão. Mas diferente deste, tem uma alma beatnik, muito carisma, é amigo de todos e tem tiradas geniais. O filme vale a sessão, Burt e Hopkins garantem isso.
Cesar Zamberlan é editor do cinequanon.art.br