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Em The Woodsman, seu primeiro longa-metragem, o diretor Nicole Kassell aborda a pedofilia, não do ponto de vista da vítima, mas do pedófilo. Adaptação do livro denso de Steven Fechter, o roteiro trilha por um caminho delicado ao se indagar se um homem que tem uma segunda chance reincidiria no erro.
Depois de doze anos preso por pedofilia, Walter retorna à sua cidade natal para tentar vida nova. Arruma emprego numa serraria e conhece Vickie, com quem inicia um romance. Seu cunhado o acolhe de braços abertos. Porém, ainda que tente deixar o passado para trás, é observado com desconfiança por Mary Kay, funcionária da serraria, e pelo detetive Lucas. Qualquer passo em falso pode custar caro. Amigos e familiares também não o aceitam.
Kevin Bacon, como o protagonista, garante uma das melhores interpretações da sua vida. Transmite vergonha, agonia e, a qualquer momento, parece prestes a explodir e não resistir às tentações do passado. Benjamin Bratt faz o cunhado e Kyra Sedgwick, seu par romântico. O ritmo das filmagens é lento, o que talvez impeça o público de embarcar nas constantes descobertas dos demônios interiores de Walter.
O título refere-se ao lenhador que salva Chapeuzinho Vermelho do lobo mau. Numa das cenas de maior impacto, Walter depara-se, no parque, com uma garotinha de casaco vermelho. Esse encontro soluciona mistérios da trama ao mesmo tempo em que denuncia como esse tipo de violência é uma realidade no nosso dia-a-dia.