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Crítica

Isolados | Crítica

Sobra estilo e falta história ao suspense brasileiro

18.09.2014, às 18H21.
Atualizada em 03.10.2014, ÀS 17H39

A primeira cena de Isolados concentra parte de suas qualidades e defeitos. Durante alguns minutos, o diretor Tomas Portella apresenta um plano sequência dentro de um vilarejo nas florestas de Teresópolis. Acompanhando uma garota que vaga entre casas e quintais, a câmera apresenta o ambiente soturno onde  todo o filme vai se passar, além de exemplificar uma ameaça que se esconde por trás das árvores: assassinos maníacos. Bastava a atmosfera criada para demonstrar o suspense que viria, mas a sutileza construída até ali se vai com a mangueira cuspindo água cheia de sangue que encerra a abertura.

A execução de elementos primordiais para filmes de suspense é bem sustentada em Isolados. A fotografia se aproveita das sombras da casa escolhida pela casal Bruno Gagliasso e Regiane Alves, que decidem tirar alguns dias para reviver o relacionamento. Cheio de buracos feitos nas paredes e luzes coloridas, o recinto transmite toda tensão necessária para se construir um thriller psicológico. No entanto, falta uma história que consiga se aproveitar de tais quesitos.

O roteiro de Portella e Mariana Vielmond passeia entre os clichês de suspense com méritos, mas esquece de desenvolver seus personagens. Não há problema em usar assassinos sem rosto ou coadjuvantes misteriosos tão comuns em semelhantes hollywoodianos. O defeito surge mesmo quando eles se destacam mais que os protagonistas e a própria trama. Isolados não dedica tempo suficiente ao passado do casal Lauro e Renata; o foco está nos acontecimentos imediatos, na ameaça por trás das paredes da casa. Tal escolha enaltece a tensão de algumas cenas, mas distancia a empatia com os protagonistas, além de deixar óbvio o desfecho do roteiro.

Isolados nunca se furta de deixar claro que filmes como Os Outros, O Sexto Sentido e Ilha do Medo são a principal fonte de inspiração. Tecnicamente o filme consegue representar com louvor essa influência, mas não repete o mesmo feito na hora de exibir uma boa história.

Nota do Crítico
Bom