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Seven Swords | Crítica

<i>Seven Swords </i> - Mostra de SP

07.10.2005, às 00H00.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 02H03

Seven Swords
Qi Jian
China, 2005
Drama/Épico - 141 min

Direção: Tsui Hark
Roteiro: Chi-Sing Cheung, Chun Tin-Nam, Tsui Hark


Elenco: Leon Lai, Charlie Yeung, Donnie Yen, Kim So Yeon, Lu Yi, Lau Ka Leung, Sun Hong Lei,

Depois dos ótimos Herói e O clã das adagas voadoras, os cavaleiros wuxia e seus feitos incríveis retornam em Seven swords (Qi jian, 2005) do diretor Tsui Hark. Infelizmente, Hark não consegue repetir o feito de Zhang Yimou nos ótimos filmes citados acima, como também não chega nem perto de seus próprios trabalhos anteriores, como Once upon a time in China e a Chinese ghost story.

Em 1600, em plena dinastia Ching, o imperador decreta que a prática de artes marciais é crime e quem infringir a lei deverá ser morto. Wind Fire, um comandante militar da dinastia anterior vê uma oportunidade de ganhar dinheiro com essa nova lei. Cruel, ambicioso e canalha, Wind Fire começa a colocar em prática a solução final. Ele simplesmente vai de vilarejo a vilarejo matando todas as pessoas que encontra. Seu objetivo é chegar até a fronteira em Martial Village.

Fu Qingzhu, um comandante aposentado da dinastia anterior, resolve dar um fim à brutalidade de Wind Fire. Ele convoca Wu Yuanyin e Han Zhiban para irem com ele até Mountain Heaven em busca da ajuda do mestre Shadow-glow, um ermitão que sabe manipular como ninguém uma espada. Ele lidera um grupo de exímios espadachins e resolve ajudar. Assim, o mestre envia quatro cavaleiros (Chu Zhaonan, Yang Yunchong, Mulong e Xin Longzi que, junto com os outros, formam as sete espadas do título. Eles partem em sua jornada heróica e lideram todo o povo da vila numa viagem para um lugar seguro, bem longe de Wind Fire. Mas a situação sem complica. A comida e a água são racionadas e alguém parece trair o grupo. Assim, eles precisam descobrir quem é esse espião antes que ele os entregue a Wind Fire.

Hark se perdeu em uma trama exagerada. Tudo bem que esse estilo de filme pede uma imaginação sem limites ou freios. Mas esse não é o caso aqui. Hark parece perdido em seu próprio universo. Os cavaleiros Wuxia estão fora de sintonia com o mundo e se tornaram melodramáticos ao extremo. Seus oponentes então, pior ainda. As situações amorosas são constrangedoras, como também o tempo que se é perdido com esses desvios na trama que não acrescentam em nada. Uma cena, a despedida do cavalo, por exemplo, parece levar horas, torrando a paciência até dos devotos do budismo. Se você estiver com a bexiga cheia, este é o momento para ir ao banheiro.

O espectador terá a clara lembrança que a narrativa parece o tema dos Sete samurais requentado com um tempero apimentado. O filme poderia ser dividido em três partes. A primeira é filmada com uma beleza estonteante em que os personagens são apresentados, o poderio de suas armas excêntricas é mostrado e as lutas são bem violentas. A segunda introduz vários triângulos amorosos que desafiam a paciência. E a última concentra-se no conflito entre o maior lutador dos mocinhos contra Wind Fire. Os 150 minutos de projeção poderiam ter sido enxugados. Com alguns cortes o filme ficaria mais coeso. No elenco, o único destaque vai para Wind Fire. Não por causa da sua interpretação do mal encarnado, mas sim por sua risada de hiena enlouquecida. Rendem ótimas gargalhadas. Até o ator Donnie Yen é desperdiçado. Ele está um pastiche do seu ótimo personagem em Herói.

Salvam-se as cenas de ação, executadas com a competência habitual de Hark. A batalha final é um ótimo exemplo do que o cineasta é capaz de fazer. Mas os pontos positivos estão em franca desvantagem se comparados aos negativos. O golpe de misericórdia chega com o final da projeção. Toda vez que o longa parece que vai acabar, Hark enfia mais uma ceninha que não tem propósito algum e vai esticando o papo... Mais um indício de que nem ele sabia muito bem o queria com essa nova produção.

Nota do Crítico
Regular