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Crítica

Sensação colossal! | Crítica

<i>Sensação colossal!</i> - Mostra de SP

MH
20.10.2005, às 00H00.
Atualizada em 18.02.2017, ÀS 20H02

Sensação colossal!
Vilagszám!
Hungria, 2004

Direção: Róbert Koltai
Roteiro: Péter Horváth, Róbert Koltai

Elenco: Róbert Koltai, Sándor Gáspár,
Anna Györgyi, Orsolya Tóth, János Kulka, Zsolt Trill, Jirí Menzel

Os dois personagens principais são palhaços ilusionistas de circo, mas daria no mesmo se fossem arquitetos anarquistas ou travestis mórmons. Isso porque o drama húngaro Sensação colossal! (Vilagszám!, 2004) pega a desbotada premissa da guerra-que-separa-as-pessoas e não faz com ela nada de particular - ou que se preste a um festival de cinema digno.

Róbert Koltai, co-roteirista e diretor do filme, interpreta Naphtalene, irmão gêmeo de Dodo (Sándor Gaspar). Nos números do circo, como na vida real, Dodo é o esperto e Naphtalene, o atrapalhado. As diferenças não os aborrecem, porém. Os dois foram criados desde pequenos como uma dupla inseparável sob o picadeiro.

Transcorrem os anos pós-Segunda Guerra, da dominação soviética na Hungria, décadas de 50 e 60. Numa certa apresentação, os irmãos fazem graça aos camaradas russos presentes na platéia. A mágica em questão é aquela de quebrar um relógio de pulso na cara do dono e, em seguida, mostrá-lo inteiro e funcionando de novo. Naphtalene, porém, foge do arranjo acertado com um espectador falso. Acaba pedindo ao camarada-mor soviético que doe seu relógio para o número. Quando Dodo, sem saída, arrebenta o objeto de vez - "Talvez o tempo de vocês tenha se acabado", brinca com fogo - acaba preso. Naphtalene, o atrapalhado, sozinho, fica sem saber o que fazer.

O cerne do filme está nessa dramática separação de gêmeos. Claudicante, Naphtalene arranja emprego de contra-regra num teatro chapa-branca húngaro. Dodo, na prisão, mantém as esperanças de ser solto, de voltar para perto do irmão e para os braços de sua amada, Lizi (Anna Györgyi). Não é nada original, percebe-se. Até a sugestão da conexão psíquica - aquela coisa do irmão fora da prisão sentir o sofrimento do gêmeo preso - entra na fórmula.

Esse esquematismo não chega a ser a deficiência principal. Até mesmo uma obviedade pode ser concisa e coerente. O caso é que Sensação colossal! - termo que o pai dos gêmeos, herói do circo, repetia sempre depois do "Respeitável público..." - começa a atirar para todos os lados, sem saber como se defender no tiroteio narrativo.

Filme-de-estrada, suspense de guerra, comédia pacifista, superação da influência paterna, libelo pela liberdade artística, paixões impossíveis entre idades distintas, triângulos amorosos... Com exceção de alguns tempos-mortos no trecho em que Naphtalene tenta resgatar Dodo, fiapo de linearidade, o resto do filme é fragmentado em situações inconclusivas, sem um norte certo. Na trama tudo se mistura e nada se resolve.

Some a isso as limitações dos atores (Koltai e Gaspar se parecem gêmeos de verdade nesse ponto; os dois atuam com as sobrancelhas), a dublagem tosca (desnecessária, já que o filme é quase todo encenado em plano-médio e close-up, o que facilita a captação de som direto) e o orçamento magro demais para um filme de guerra (em cena aparecem dois pares de tanques; de onde saem tantos tiros?) e tem-se um programa que, vale dizer de novo, não paga o ingresso de uma Mostra de Cinema de São Paulo.

Nota do Crítico

Ruim
Marcelo Hessel

Sensação colossal!

Vilagszám!

2004
23.12.2004
96 min
Comédia
País: Húngria
Classificação: 14 anos