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Secretária | Crítica

<i>Secretária</i>

28.08.2003, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H14

Secretária
Secretary

EUA, 2003 - Drama - 104
min.

Direção: Steven Shainberg
Roteiro: Mary Gaitskill (conto),
Steven Shainberg, Erin Cressida Wilson

Elenco: James Spader, Maggie Gyllenhaal, Jeremy Davies, Lesley Ann Warren, Stephen McHattie, Patrick Bauchau, Jessica Tuck, Oz Perkins, Amy Locane

Secretária (Secretary, de Steven Shainberg, 2002) é para quem está disposto a encarar uma história não-convencional, bastante estranha e, ainda assim, simples e humilde. Não é a história do menino que se apaixona pela menina que se apaixona pelo menino, nem da moça comum que vira princesa, nem de amor proibido, nem de nenhum desses roteiros que o cinema está sempre repetindo. E, pra completar, também não lembra qualquer história de amor real ou normal.

Dito isso, Secretária é um filme do diretor independente Steven Shainberg (do desconhecido Ponto Crítico) adaptado de uma pequena história da escritora americana Mary Gaitskill. Nele, Lee Holloway (Maggie Gyllenhaal), 20 e poucos anos, acaba de receber alta após alguns meses numa clínica psiquiátrica - sua família disfuncional acabou deixando-a maluca. Percebendo que passar o dia em casa só vai fazer o problema voltar, ela consegue emprego como secretária do rico, duro, ríspido, mal-humorado e exigente advogado, E. Edwar... desculpe... Sr. E. Edward Grey (James Spader).

O trabalho tão tão humilhante e depreciativo que o sr. Grey mantém um luminoso com precisa-se de secretária em frente ao escritório, que ele acende sempre que mais uma é despedida. Lee, contudo, esforça-se para agradar. E o que começa como simples (porém pesadas) reclamações verbais a respeito dos erros de datilografia da secretária acaba transformando-se em sessões de palmadas e outros castigos mais perversos...

Sim, é nesse momento que a audiência percebe que está assistindo a uma história de amor sado-masoquista! E mesmo que em alguns momentos isso seja tratado como comédia, ninguém está rindo no filme. Isso é o que causa ao mesmo tempo todo estranhamento com o roteiro, principalmente por ser algo meio alien à cultura brasileira, e o que levantou todas as críticas positivas do público americano - que se esforça, dessa forma bizarra, para ser politicamente correto e aceitar que gosto, principalmente sexual, não se discute.

Pode ser um pouco difícil de digerir, na verdade, pode até ser que você não consiga, mas ainda sim vale conferir o fantástico trabalho dos atores principais. James Spader apenas ressuscita sua personalidade silenciosa e calculista de Sexo, Mentiras e Videotape e Crash - Estranhos Prazeres, mas faz isso de uma maneira que torna seu personagem o mais divertido do filme.

Maggie Gyllenhaal já é outra história. Como toda crítica concordou, em Secretária ela desabrocha como atriz de peso em Hollywood e dá vários passos em direção a mais papéis principais. Sua interpretação da secretária submissa já lhe rendeu meia dúzia de prêmios e centenas de elogios. Só não foi indicada ao Oscar - o que, hoje em dia, só pode ser visto como um bom sinal.