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Roma | Crítica

Quem vai ao cinema assistir a um filme de Federico Fellini já sabe o que o espera

CA
05.06.2003, às 00H00.
Atualizada em 19.12.2016, ÀS 07H04

Quem vai ao cinema assistir a um filme de Federico Fellini já sabe (ou pelo menos deve ter uma vaga idéia) do que o espera. Com certeza estarão na tela imagens circenses, rostos bizarros e seios imensos – tudo isso amarrado por uma trama episódica e fragmentada. Com Roma, filme de 1972 que reestréia nesta sexta-feira, a coisa não poderia ser diferente.

Como o próprio nome indica, a personagem principal da fita é a capital italiana. Mas, como se trata de um filme de Fellini, o retrato da cidade não é nem um pouco realista. A Roma que vemos na tela é baseada nas memórias e delírios do próprio diretor e só existe mesmo na sua cabeça. Na visão dele, é uma cidade suja, barulhenta e caótica. Não é à toa que os romanos não gostaram da produção.

Uma das seqüências mais impressionantes é a que mostra um congestionamento no anel viário que cerca a cidade. São carros para todos os lados, fumaça, motoristas histéricos e, para completar, chuva – se não fosse pela presença do Coliseu, a cena poderia muito bem se passar na Marginal Tietê, em São Paulo. Roma, afinal, é conhecida por ter um dos piores trânsitos da Europa.

As cenas dos anos 70 são intercaladas com outras ambientadas na década de 40, época em que o cineasta mudou-se para a cidade. Sim, o personagem principal, um jovem jornalista de 18 anos vivido por Peter Gonzales, é alter ego do diretor. Seu olhar, perplexo e ao mesmo tempo fascinado diante do caos que é a capital italiana, é o olhar de Fellini.

Para ele, Roma sempre foi uma bagunça. É o que se vê na seqüência em que os moradores da cidade jantam em mesinhas na rua. E mesmo enquanto comem, não param de falar um minuto sequer. Na verdade não falam, gritam. E, obviamente, enquanto gritam também gesticulam.

Como em boa parte da obra felliniana, a trama de Roma é bastante fragmentada. O diretor não está apenas interessado em contar uma história com começo, meio e fim. Afinal, seu filme trata de uma cidade caótica – nada mais normal que ele seja um pouco caótico também. Por isso, os episódios vão e voltam no tempo, no ritmo de suas memórias.

Há muitos pontos em comum com outros trabalhos do cineasta. Aqui, mais uma vez ele critica, ainda que carinhosamente, a Igreja, na sensacional cena do desfile de moda eclesiástica. Também não faltam prostitutas, palhaços e lembranças da infância (algumas seqüências do início são praticamente idênticas às de Amarcord, feito dois anos depois), referências constantes em seu universo.

Vale a pena destacar também a pequena participação de Anna Magnani. Uma das maiores atrizes da história do cinema italiano, ela faz uma ponta no papel dela mesma. Foi seu último filme. Fotografia e trilha sonora, feitas pelos habituais colaboradores Giuseppe Rottuno e Nino Rota, são outros pontos altos.

Nota do Crítico

Bom
Carlos Augusto Horta Gomes

Roma - Um Nome de Mulher

Roma

2004
128 min
Drama
País: Itália, França
Classificação: 14 anos
Direção: Federico Fellini
Elenco: Peter Gonzales Falcon, Fiona Florence, Pia De Doses, Marne Maitland, Renato Giovannoli, Elisa Mainardi