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Muitas vezes, diretores utilizam imagens chocantes para transmitir uma mensagem. Nem todos concordam com esse tipo de ação, mas pelo menos a polêmica criada acaba chamando atenção para o filme. Reich Framboesa (The Raspberry Reich), de Bruce La Bruce, não é uma produção cinematográfica em forma de protesto. É simplesmente um filme pornô voltado para a platéia gay.
Patrick, filho de um dos banqueiros mais ricos da Alemanha, é seqüestrado por um grupo que se autodenomina o Reich Framboesa. O grupo é liderado por Gudrun, uma jovem líder carismática que obriga os membros do Reich a terem relações homossexuais entre si como forma de alcançar suas metas revolucionárias e destruir a lógica burguesa do casamento heterossexual monogâmico. Patrick apaixona-se por um de seus seqüestradores e passa a assaltar bancos.
Esse enredo é uma desculpa para assistirmos a 90 minutos de cenas de sexo oral, penetração e outras coisas entre homossexuais. Até existem relações entre a líder do bando e seu namorado, mas não convencem. A verdade é que todo o discurso político e filosófico não tem substância. São simplesmente umas frases jogadas e uma porção de cenas de sexo que só irão interessar aos que gostam de filmes pornôs gays.
Reich Framboesa oferece um mundo fechado hermeticamente de mau gosto, sexo e violência, não tendo nenhuma consideração com o espectador. La Brucce até tenta esconder suas verdadeiras intenções, usando discursos marxistas que aparecem em letreiros nas cenas, mas não convence e fica a dúvida sobre seu real objetivo com este longa. Diretores como Rainer Werner Fassbinder, John Waters e Jean-Luc Godard trafegaram por esse mundo, mas seus filmes tinham conteúdo. No caso de La Bruce, só tem sacanagem.
Os atores parecem ter saído de uma produção pornô. Inclusive, quem realmente se diverte no filme são eles. Há cenas constrangedoras, com a que um personagem parecido com Che Guevara pratica a felação com uma arma em frente a um pôster gigantesco do falecido revolucionário. Che merecia mais respeito.
No final, o que sobra é uma fraca sátira aos costumes, e a única revolução que fica é a cara de pau de filmar isso com a desculpa de ser arte.