Aproveite as ofertas da Chippu Black!

Veja as ofertas
Termos e Condições Política de Privacidade
Filmes
Crítica

Procura-se um Amor em Barcelona | Crítica

Falsa Modernidade

MH
10.04.2003, às 00H00.
Atualizada em 11.11.2016, ÀS 15H05

Brasileiros costumam ironizar as traduções feitas em Portugal para títulos de filmes (a mais recente que vi foi de Vertigo, transposto para o estraga-prazeres A Mulher que Viveu Duas Vezes). Mas as distribuidoras nacionais também confeccionam as suas pérolas. O mais recente equívoco se abate sobre Gaudi Afternoon (2001), da diretora Susan Seidelman, vertido para Procura-se um Amor em Barcelona. Ou seja, o que já nos primeiros minutos se mostra um suspense-pastelão de tons bizarros e rumos inesperados pode, perfeitamente, ser confundido com uma comédia romântica açucarada.

Produção espanhola com equipe e elenco dos EUA, o filme começa delineando a personalidade de Cassandra Reilly (Judy Davis), uma introspectiva tradutora de livros, que decidiu se refugiar em Barcelona, depois de ter fugido de casa aos 18 e viajado o mundo. Reclusa, beirando os 40, Cassandra evita relacionamentos e só pensa em pagar o seu aluguel e viver no silêncio. Tudo muda quando ela recebe a visita de uma norte-americana elegante e imponente, Frankie (Marcia Gay Harden), disposta a pagar 3 mil dólares para que Cassandra encontre o seu marido fujão.

Mas Frankie faz uma ressalva. O marido não é exatamente um heterossexual. Tem início, então, uma série de perseguições e correrias. O espectador constatará, mais tarde, quão flexíveis podem ser os gêneros sexuais. Como diz o clichê, "nada é o que parece ser".

O grande problema de Procura-se um Amor em Barcelona é que a diretora Seidelman, dos "crássicos" vespertinos Procura-se Susan desesperadamente (Desperately Seeking Susan, 1985) e Ela é o Diabo (She Devil, 1989), entorna o caldo ao mirar o exemplo dos filmes exóticos de Pedro Almodóvar. Como os turistas perdidos na capital catalã, retratados no filme, a diretora não apresenta a menor desenvoltura ao tratar dos temas recorrentes do diretor espanhol. A sexualidade é caricatural, a fúria é banalizada e a subversão é de fachada. Coincidem apenas o apego pelas cores fortes e pelo impacto visual. Mas a gritaria gratuita que impera em Procura-se um amor... chega a ser irritante. Nesse panorama, a falta de carisma da protagonista apenas agrava a situação.

As falas finais revelam o contra-senso derradeiro. Cassandra diz que recusa os finais felizes, catárticos, e as mudanças que acontecem de um dia para o outro na vida das pessoas. Acontece que o filme vale-se exatamente desse subterfúgio. A sua conclusão, pela regra, optaria por coroar o tom excêntrico com que a trama é conduzida - mas termina escolhendo o sentimentalismo. Em outras palavras, tudo não passa de falsa modernidade. Histeria não é sinônimo de rebeldia.

Nota do Crítico

Regular
Marcelo Hessel

Procura-se Um Amor em Barcelona

Gaudi Afternoon

2000
88 min
Comédia
País: Espanha
Classificação: 14 anos