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Piratas do Caribe: A maldição do Pérola Negra | Crítica

Pipoca com rum... quem diria que essa combinação daria certo?

28.08.2003, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H14

Quando a Disney anunciou que faria um filme sobre um dos brinquedos dos seus parques de diversão, tenho de confessar que vi aquilo como um atestado de esvaziamento de idéias na casa do Mickey. E talvez eu não estivesse tão longe da verdade. Aquele rascunho realmente parecia raso e passava a idéia de mais uma trama fraca e sem atrativos à vista. Mas muita água passou por baixo dos navios piratas neste meio tempo e graças a Jerry Bruckheimer, um produtor da perna de pau (chamada Pearl Harbor), mas com um olho de vidro muito atento, o vento soprou forte e a favor de Piratas do Caribe: A maldição da Pérola Negra (Pirates of the Caribean: the curse of the Black Pearl, 2003 - de Gore Verbinski). Como conseqüência, a produção acabou tornando-se o grande destaque entre os blockbusters do verão americano deste ano.

Uma das mais importantes mudanças de rumo ditadas por ele foi a contratação de Tedd Elliot e Terry Rossio, dupla que escreveu o roteiro de Shrek (idem, 2001 - Andrew Adamson, Vicky Jenson), e que antes disso já havia provado seu valor cômico em Aladim (Aladdin, 1992 - de Ron Clements, John Musker). Não por acaso, o Capitão Jack Sparrow (Johnny Depp) lembra o Gênio da lâmpada da história de Aladim e Jasmine. Com a língua mais afiada que sua enferrujada espada, o ex-capitão do navio pirata Pérola Negra (o mais rápido dos sete mares) rouba as cenas desde a sua triunfal entrada até o fechar das cortinas. Depp confessou que usou Keith Richards como inspiração, pois acha que os piratas eram os roqueiros da época. Nada mais justo, pois o guitarrista dos Stones é considerado o maior exemplo de Rock Star da história.

A dupla de novos talentos britânicos formada por Orlando Bloom (Will Turner) e Keira Knightley (Elizabeth Swann) rende outras ótimas atuações, ancoradas pelo experiente Geoffrey Rush no papel de Barbosa, o atual capitão do Pérola Negra. Ele e toda a sua tripulação foram amaldiçoados com aquela que é considerada por muitos a pior de todas as pragas: a imortalidade. Turner e Swann, que se conhecem desde crianças, são peças importantes para quebrar este feitiço e em pouco tempo estarão andando sobre pranchas, abordando navios em alto mar, pulando, correndo, gritando e, claro, procurando tesouros escondidos.

Para não dizer que o filme é perfeito, há dois guardas ingleses que poderiam ter ficado de fora na sala de edição. Eles não acrescentam nada à trama, e seu humor físico a la Trapalhões parece um pouco deslocado no contexto geral. Não que isso estrague o filme - um exemplo do melhor cinema pipoca, com um roteiro bem amarrado mas sem ser óbvio demais, engraçado na medida certa e com bons efeitos especiais (desenvolvidos pelos bucaneiros da ILM).

E se a lista acima já nao fosse atrativa o suficiente, as pessoas que já foram a qualquer um dos parques Disney poderão se divertir também tentando achar cenas do filme que existem no brinquedo. É o caso do cachorro com a chave na boca e da cidade pirata de Tortuga, ambas perfeitamente reproduzidas na telona. O sucesso nas bilheterias está sendo tão gratificante para os cofres da Disney que eles já prometem pensar em uma continuação e já apostam as fichas deste inverno em Haunted Mansion, outra atração na Disneylandia, Disney World, Euro-Disney e Disneyland Japão.

Pipoca com rum... quem diria que essa combinação daria certo?

Yo ho ho... Longa vida aos piratas!! {x];-)

Nota do Crítico
Excelente!