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O Novato | Crítica

Até a própria CIA ajudou a produção

03.04.2003, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H14

Segundo a lenda, a CIA possui uma fazenda onde treina seus candidatos a agente secreto. Para fazer parte deste time, você tem de ser inteligente, determinado e acreditar na sua causa. James Clayton (Colin Farrell) reúne estas três características, porém a "causa" que ele acredita é a sua própria, não a de seu empregador.

Clayton está se formando numa das mais conceituadas faculdades americanas, onde desenvolveu um projeto de criptografia (pegar dados e embaralhá-los, para que outras pessoas não consigam entendê-los) que desperta interesse em grandes empresas. Mas quando Walter Burke (Al Pacino) chega para ele e diz que tem informações sobre a morte de seu pai, o jovem é imediatamente fisgado e sua determinação em descobrir o que aconteceu o leva à sede da Inteligência Americana.

Na tal "fazenda", ele conhece Layla (Bridget Moynahan) e não é necessário ser da CIA ou FBI para prever o que vai acontecer entre os dois. Ao lado dos outros recrutas, eles sofrem horrores e aprendem na pele que, como diz o trailer: "nada é o que parece" e "tudo é um teste". E é neste clima que o filme vai, a cada cena, sofrendo reviravoltas. As boas atuações sustentam a trama, dificultando o trabalho de descobrir quem está trabalhando para quem, e quem são os reais vilões da história. Pacino mais uma vez interpreta o mentor (papel que já desenvolveu antes em O Advogado do Diabo com Keanu Reeves e Donnie Brasco, ao lado de Johnny Depp) e Colin novamente prova que tem gabarito para acompanhar um astro de renome, como já fizera com Tom Cruise (Minority Report - A nova lei) e Bruce Willis (A Guerra de Hart).

A história em si não tem nada de excepcional, mas foi executada com profissionalismo pelo diretor Roger Donaldson. Este é o terceiro trabalho do cineasta australiano com teor político, seguindo Sem Saída (No Way Out - 1987) e Treze Dias que Abalaram o Mundo (Thirteen days - 2000). Interessante notar o trabalho de câmeras, que geralmente mostra a história sob o ponto de vista de Clayton, alternando com algumas tomadas feitas da altura do teto, dando uma impressão "Big Brother". Uma outra boa curiosidade de bastidores é que o saguão de entrada da CIA que aparece na telona é uma reprodução em tamanho real do verdadeiro prédio da agência. Isso só foi possível porque a própria CIA ajudou a produção. Além de fornecer as medidas do local e fotos, eles abriram o jogo (na medida do possível, claro) sobre o seu processo de recrutamento dos futuros agentes e a dura vida dos espiões. Tudo para deixar o filme mais verossímil possível. Não que Hollywood ligue muito para isso. Afinal, O novato tem tiros, traição, perseguições e bons atores. Enfim, tudo o que um filme de espionagem deve ter. Ah, e pras meninas, tem ainda um charmoso Colin Farrell mostrando sua tatuagem no ombro direito (obs: a tatoo é de verdade).

Nota do Crítico
Bom