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Instinto Selvagem 2 | Crítica

Instinto Selvagem 2

20.04.2006, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 12H02

Instinto Selvagem 2
Basic instinct 2
Alemanha/Inglaterra/
EUA/Espanha, 2006
Suspense - 114 min

Direção: Michael Caton-Jones
Roteiro: Leora Barish e Henry Bean, baseado em personagens criados por Joe Eszterhas

Elenco: Sharon Stone, David Morrissey, Charlotte Rampling, David Thewlis, Hugh Dancy, Anne Caillon, Iain Robertson, Stan Collymore, Flora Montgomery, Jan Chappell

A expectativa por Instinto Selvagem 2 (Basic Instinct 2: Risk Addiction, 2006) só não era maior do que a desconfiança. Quando Sharon Stone protagonizou o filme original, quase 15 anos atrás, foi catapultada para o estrelato como uma das mais mulheres mais sexies do planeta. A razão, todos sabem, foi uma nada discreta cruzada de pernas. A história de 1992 era um thriller erótico cheio de reviravoltas, que mexia com a cabeça do espectador e o colocava numa desconfortável posição de não saber em quem confiar até o fim do filme.

Para a franquia, muito tempo se passou, muitos diretores foram ligados ao projeto e até Sharon Stone ficou de fora da continuação durante uma época. Mas, no final das contas, tudo continua igual. Igual até demais, fazendo Instinto selvagem 2 algo mais próximo de uma refilmagem do que uma seqüência e, pior, com todo mundo já sabendo o que vai acontecer - o que é péssimo para um filme de suspense. Vamos às provas do crime:

1. O detetive (Michael Douglas) foi substituído por um psiquiatra, Dr. Michael Glass (David Morrissey). A forma como os dois são envolvidos pela escritora Catherine Trammel (Stone) é exatamente a mesma e prova que, em um contexto sexual, sempre que uma mulher desafia um homem, o jogo já foi definido e ela ganhou. Para piorar, Morrissey não demonstra a mesma capacidade de atuação de Michael Douglas e não tem o mesmo charme de Clive "fucking caveman" Owen.

2. Trocou-se o cenário para Londres, mas a capital inglesa é mal utilizada. Com exceção de uma cena pelas ruas do Soho (região central da cidade) e o prédio onde fica o consultório do Dr. Michael Glass (David Morrissey), você só diz que está na terra da Rainha pelo sotaque estilo "batata-quente na boca".

3. A cruzada de pernas virou lenda. Apesar de ainda apostar mais no poder de sedução do que na atuação, Stone continua super sexy, apesar dos 48 anos. Porém, toda a propaganda feita dizendo que o filme seria mais erótico e que iria além do original é balela. Na melhor das hipóteses está no mesmo nível do anterior. Mas levando-se em consideração o que se vê nos cinemas hoje, a fita fica quase virginal quando comparado a um 9 canções (2004), por exemplo.

Em entrevistas, Stone chegou a acusar o diretor Michael Caton-Jones de cortar as cenas mais apimentadas, das quais ela se orgulhava. Mas é bom lembrar que em 1992 ela também alega ter dado um tapa na cara de Paul Verhoeven quando descobriu que sua pélvis desnuda havia sido filmada - o que o cineasta nega. Assim como acontece na vida de Catherine Trammel, paira no ar a dúvida, e não é difícil desconfiar onde pode estar a verdade.

Nota do Crítico
Regular