A cartilha do cinema pós-apocaliptico ganha uma nova página de uma origem inusitada. É da Alemanha que sai o filme Inferno (Hell, 2012), uma jornada pelos restos esturricados da sociedade.
Inferno
Inferno
A trama começa quatro anos depois de um aumento dramático na temperatura global. As tempestades solares aos poucos transformam o planeta em um deserto, fustigado pelo brilho onipresente do Sol, que cega e queima a carne em minutos de exposição. Os poucos sobreviventes vagam cobertos dos pés à cabeça, em busca de água e abrigo. A trama acompanha algumas dessas pessoas, que cruzam com outro grupo de sobreviventes - bem mais violentos.
Inferno faz uma excelente mistura de subgêneros, levando o tema do fim do mundo ao território conhecido do filme de "família de maníaco". É como se A Estrada encontrasse O Massacre da Serra Elétrica, com uma dose dramática de realismo. A fotografia dessaturada, com o brilho no talo, opta por planos fechadíssimos, o que dá uma sensação de sufocamento, perfeita as camadas de tecido que recobrem e protegem as pessoas dentro de seus carros vedados - verdadeiras fornalhas - representantes do próprio desespero interiorizado da sobrevivência.
O diretor estreante em longas Tim Fehlbaum - egresso dos videoclipes na Alemanha - conseguiu um excelente entretenimento, unindo tensão, um universo verossímil e bons personagens. Não criou nada de verdadeiramente novo, mas trabalha bem o material pré-existente, explorando conceitos já bem conhecidos desse cinema de gênero.
Um material inusitado pela origem germânica, mas que se entende perfeitamente a existência quando o nome de Roland Emmerich - o mais cataclísmico dos cineastas - surge nos créditos como produtor. Pelo visto, o diretor anda fazendo escola de fim do mundo em sua terra-natal, apostando em um cinema com apelo mais abrangente por lá.