Aproveite as ofertas da Chippu Black!

Veja as ofertas
Termos e Condições Política de Privacidade
Filmes
Crítica

Infância Roubada | Crítica

Infância Roubada - 30a. Mostra Internacional de Cinema

MH
19.10.2006, às 00H00.
Atualizada em 28.11.2016, ÀS 15H03
Infância Roubada
Tsotsi
África do Sul, 2005
Drama - 94 min.
Direção: Gavin Hood
Roteiro:
Athol Fugard e Gavin Hood

Elenco:
Presley Chweneyagae, Terry Pheto, Kenneth Nkosi, Mothusi Magano e Zenzo Ngqobe

O ambiente urbano, o lado sujo da metrópole, o choque de classes, o rap da trilha sonora... Tudo no início de Infância Roubada (Tsotsi, 2005) leva a crer que aquela história ambientada na periferia de Johannesburgo, na África do Sul, poderia se passar em qualquer lugar no mundo - pelo menos em qualquer lugar onde o caos e a violência se tornaram hábito.

Seria um alívio, diante de tantos outros vencedores do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro que exportam exotismo para gringo ver, assistir a uma trama universal. A fórmula de Tsotsi, porém, é mais ardilosa: cutucar no resto do Ocidente o sentimento de culpa pelo abandono da África. E deve ter sido por isso que o diretor Gavin Hood levou o careca dourado da categoria neste 2006.

Tsotsi é o apelido de um jovem (Presley Chweneyagae) revoltado com a vida. Foi a sua infância que o determinismo social levou. Hoje Tsotsi lidera um quarteto que faz assaltos no metrô e bebe desocupadamente na favela. Um dia, porém, ao fugir de uma briga de bar, ele vai parar na vizinhança endinheirada da cidade. Tenta roubar um carro e acaba atirando na motorista. No banco de trás há um bebê, que no meio do desespero Tsotsi acaba levando consigo.

Com 20 minutos de filme não precisa ser um gênio para saber como ele vai terminar. Previsibilidade, além das lições de moral, é outro quesito que vale pontos numa premiação que nivela por baixo como o Oscar. Evidente que Tsotsi espelhará no bebê a infância que não teve, e dessa experiência tirará não só o acerto de contas com o passado como a merecida redenção.

Hood não pega leve - se ele tem uma qualidade é ir no fundo no que propõe - e mostra como a inépcia de Tsotsi coloca em risco o bebê. Os momentos dos dois, a sós, costuma propiciar alívios cômicos em produções mais amenas, mas humor não é a praia de Infância Roubada. É o tom de gravidade, aliado a relações de causa e efeito das mais brutas, que acompanha a narrativa. Se é para denunciar mazelas, o filme parece dizer, que se denuncie em voz alta.

Quem aprecia obras mais sofisticadas - não no sentido de afetação, mas de aprimoramento - que não recorrem a soluções dramáticas fáceis, pode se decepcionar (um diretor mais sutil, por exemplo, não verbalizaria a questão do caráter, mas a deixaria implícita). Quem gosta de alimentar pesos na consciência - e não necessariamente expurgá-los, já que sempre há a polícia pronta a lidar com os males que nós não resolvemos como sociedade - terá um filme-panfleto completo.

Nota do Crítico

Bom
Marcelo Hessel

Infância Roubada

Tsotsi

2005
07.06.2007
94 min
Drama
País: Reino Unido, Áfria do Sul
Classificação: 14 anos
Direção: Gavin Hood
Roteiro: Gavin Hood
Elenco: Presley Chweneyagae, Jerry Mofokeng, Terry Pheto, Kenneth Nkosi, Zenzo Ngqobe, Zola, Rapulana Seiphemo, Nambitha Mpumlwana, Ian Roberts, Percy Matsemela, Thembi Nyandeni, Owen Sejake, Israel Makoe, Sindi Khambule, Benny Moshe, Mothusi Magano