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Identidade | Crítica

Digno de Agatha Christie

25.09.2003, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H14

Fãs de um bom suspense têm geralmente poucas opções de qualidade nas telas. Não é sempre que surge um O sexto sentido e filmes como O iluminado só acontecem uma vez a cada década. Algo digno de Hitchcock então... não vale nem a pena comentar. Em compensação, suspenses adolescentes medíocres abundam e invadem semanalmente os cinemas.

Identidade (Identity, 2003), suspense dirigido por James Mangold (Garota, interrompida), não se encaixa em nenhuma das categorias citadas. Não é uma produção antológica, nem uma tranqueira com teens gritalhões. Trata-se de um excelente entretenimento, que garante muita tensão, alguns bons sustos e uma trama original e bem amarrada. Sua curta duração favorece o ritmo da fita e as reviravoltas chegam na hora certa, sem espaço para as enrolações habituais do gênero.

O filme começa como num livro de Agatha Christie. Durante uma violenta tempestade, dez estranhos acabam reunidos num motel barato de beira de estrada nos arredores de Las Vegas. O grupo é formado por um motorista de limusine (John Cusack), uma estrela da década de 80 (Rebecca DeMornay), um policial (Ray Liotta) encarregado da escolta de um assassino (Jake Busey), uma garota de programa (Amanda Peet), dois recém-casados (Clea DuVall e William Lee Scott) e uma família em crise (John C. McGinley, Leila Kenzle, Bret Loehr), todos abrigados no desolado estabelecimento, administrado por um tenso gerente noturno (John Hawkes).

Isolados do mundo, sem telefone, celular ou rádio, as pessoas recolhem-se aos seus quartos, até que, uma a uma, começam a morrer, caçados por um assassino serial que parece saber muito bem o que está fazendo. Mas quem é o assassino? Todos parecem ter motivos para os crimes, mas também parecem inocentes... e a situação piora ainda mais quando uma perturbadora conexão entre cada um dos membros do grupo é descoberta.

Identidade pode até ter alguns vícios dos suspenses modernos. Felizmente, ser previsível não é um deles. O filme constantemente muda de direção, confundindo o espectador, que fica como os protagonistas: sem entender nada do que está acontecendo. Vale destacar também o excelente trabalho gráfico do pôster do filme, que só começa a fazer sentido depois dos 90 minutos da produção.

Uma boa recomendação para o filme é que ele seja assistido em grupo, já que o final deve gerar uma interessante polêmica, daquelas boas para discutir depois da sessão.

Nota do Crítico
Ótimo