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Ali | Crítica

Will Smith honra sua indicação ao Oscar

09.11.2002, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 04H08

Não gosto e nunca gostei de boxe. Mas "por motivos de força maior" fui ver Ali (idem, 2001). Entrei no cinema com a certeza de que não acharia a menor graça em duas horas cheias de socos e sangue. Saí, no mínimo, surpresa. O filme de Michael Mann (O Informante) retrata principalmente a fase de 1964 a 74 da vida de Mohammad Ali. O ápice é sua reconquista do título mundial dos pesos-pesados, na histórica disputa contra George Foreman (Charles Shufford), no Zaire.

A luta pelo orgulho negro e a amizade com Malcolm X (Mario Van Peebles), obviamente, não ficam de fora. A conversão ao islamismo e a controversa mudança de nome (foi batizado Cassius Marcellus Clay) também não. E é justamente essa mistura de focos que prende o público na cadeira - mesmo aqueles que mudavam de canal quando Mike Tyson subia no ringue. Além do Muhammad Ali boxeador, entram em cena o mau marido, o defensor engajado dos direitos dos negros, o presidiário, o religioso.

Para conseguir atingir todos estes objetivos, só um ator com fôlego e carisma como Will Smith (Homens de Preto). Will Smith?!?! Sim, ele mesmo! Como boa parte história acontece fora dos ringues, o ator consegue mostrar todo seu talento dramático. Sua surpreendente atuação lhe rendeu uma merecida indicação ao Oscar.

A fidelidade com a qual a vida de Ali é contada é tanta que há momentos bem próximos de um documentário. É o caso da cena em que ele corre pelos bairros pobres do país africano com centenas de pessoas o acompanhando e incentivando. Tudo isso realmente aconteceu e foi reproduzido com perfeição. Perfeito também está o "boxeador" Smith. Ele treinou duro, literalmente apanhou, mas fez jus ao apelido de Ali - "bailarino nos ringues" - com ótimas cenas de luta.

Só não entre no cinema com a expectativa de que o filme seja mais interessante que a própria vida de Ali. Não é.

Nota do Crítico
Ótimo