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Alguém Tem Que Ceder | Crítica

<i>Alguém tem que ceder</i>

11.03.2004, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 02H05

Alguém tem que ceder
Something´s gotta give

EUA, 2003 - 128 min.
Comédia romântica

Direção: Nancy Meyers
Roteiro: Nancy Meyers

Elenco: Jack Nicholson, Diane Keaton, Keanu Reeves, Amanda Peet, Frances McDormand, Jon Favreau

Mulher forte, bem sucedida e de língua afiada encontra homem um tanto machista, para lá de mulherengo e com charme ir-re-sis-tí-vel: ela se sente ultrajada com o estilo de vida dele que, por sua vez, se vê ameaçado por tanta segurança. É o ponto de partida para a clássica guerra dos sexos, que deu origem a grande parte dos bons filmes americanos da década de 40, com destaque para os de Howard Hawks.

A influência do cineasta fica clara em muitas das cenas de Alguém tem que ceder (Something´s gotta give, 2003), filme com direção e roteiro de Nancy Meyers (a roteirista de O Pai da Noiva I e II). Outro indício de tal influência está nos atores escalados para os papéis principais: Jack Nicholson e Diane Keaton, que dispensam maiores apresentações.

Ele é Harry Sanborn, um executivo da indústria fonográfica, sessentão que nunca namorou uma mulher com mais de 30. Ela é Erica Barry, uma autora de peças de teatro de sucesso, mãe de Marin (Amanda Peet, de A Estranha Família de Igby) que, por sua vez, é a mais nova conquista de Harry.

O grande e inesperado encontro se dá quando o novo casal decide passar o fim de semana na casa da moça. Erica e a irmã Zoe (vivida pela insuperável Frances McDormand) tentam lidar elegantemente com a situação, mas acabam por bombardear o recém-chegado, na memorável cena do jantar.

Um enfarte vem prolongar o que não passaria de um dia inusitado: debilitado, Harry se vê impedido de voltar para a cidade e obrigado a dividir a casa com Erica por uma semana inteira. A convivência forçada passa da total ausência de interação a uma paixão avassaladora. Além do hóspede inicialmente indesejado, a escritora tem que lidar com as investidas do médico de Harry (na pele do sempre canastrão Keanu Reeves), muito anos mais jovem.

Formado o triângulo, todo mundo já imagina o que vem pela frente. Indecisão, reviravoltas, corações partidos, vinganças sutis e... um final feliz. A comédia dá lugar ao romance água com açúcar, fazendo com que a segunda metade do filme seja bastante inferior à primeira - tanto em ritmo quanto em originalidade.

Ainda assim, vale conferir a performance da dupla principal, que tem seu ponto alto numa das poucas cenas de sexo entre atores de mais de 40 anos da história do cinema. Vale, ainda, prestigiar a coragem de Diane Keaton que, como poucas atrizes de Hollywood, se deixa retratar sem retocar os sinais da idade, provando que uma mulher madura (com rugas e todo o resto) também pode ser sexy, muito sexy.