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Crítica

A Marca | Crítica

<i>A marca</i>

MH
10.06.2004, às 00H00.
Atualizada em 15.11.2016, ÀS 14H04

A marca
(Twisted)

EUA, 2004
Suspense - 97 min.

Direção: Philip Kaufman
Roteiro: Sarah Thorp

Elenco: Ashley Judd, Samuel L. Jackson, Andy Garcia, David Strathairn, Russell Wong, Camryn Manheim, Mark Pellegrino

Num tempo não muito distante, crimes eram resolvidos com pistas, investigações científicas, listas de suspeitos, tralhas tecnológicas. Mas daí veio o chamado thriller psicológico, e a dedução foi substituída pela intuição: inspetores quase mediúnicos entram na cabeça do serial killer para desmascará-lo. Essa lei já rendeu bons filmes. Mas Hannibal Lecter se sacudiria na sua camisa-de-força se visse A Marca (Twisted, 2004), de Philip Kaufman.

Na trama, a policial Jessica Shepard (Ashley Judd) acaba de ser promovida à divisão de homicídios de San Francisco. Mas o passado, se não a condena, torna-a problemática. O pai dela, ex-policial, matou a esposa e se suicidou. Jessica nunca entendeu o ocorrido e, por extensão, nem a própria vida - motivo pelo qual bebe sem controle, desconta a raiva em criminosos e conserva uma certa promiscuidade amorosa.

A coisa degringola quando, no seu primeiro caso na divisão, Jessica percebe que as vítimas são ex-amantes seus. Homens que morrem quando ela está desacordada em casa, depois de várias taças de vinho. Todos eles têm no dorso da mão uma queimadura de cigarro: a tal marca do assassino. Quem persegue a moça? Seria o novo parceiro de divisão, inspetor Delmarco (Andy Garcia)? Ou um antigo namorado policial que não a esquece, Jimmy (Mark Pellegrino)? Quem sabe, o seu psicólogo (David Strathairn) ou o policial (Samuel L. Jackson) que a apadrinha desde menina? Se bobear, a própria Jessica, inconscientemente, matou a todos.

E essas não são as únicas perguntas de um filme que limita assassinatos em série ao puro "achismo". Todos somos desequilibrados? Desejo de matar é hereditário? Existe uma fera dentro de cada um de nós? O que somos capazes de fazer em momento de descontrole? Estas e outras questões que saem do nada e chegam a lugar nenhum pontuam o filme de forma irritantemente pseudofilosófica. Dizer que A marca abusa da psicologia de boteco seria rebaixar os botecos.

O ecletismo de Kaufman, responsável pelo amoroso Henry & June (1990) e o biográfico Os Contos proibidos do Marquês de Sade (Quills, 2000), não conta nada aqui. Obrigado a manusear a clicheria do roteiro da estreante em longas Sarah Thorp, o diretor não consegue imprimir um ritmo autoral à obra. E não tira nada além de comicidade da limitadíssima Ashley - saber por que ela protagoniza tantos filmes policiais talvez seja a única pergunta pertinente aqui.

O incrível é que A Marca chupa dois grandes thrillers - a paisagem perigosamente encantadora da San Francisco de Um Corpo que cai (Vertigo, 1958) e as visitas aos assassinos encarcerados de O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, 1991) - mas não extrai lições, modelos, apenas citações constrangedoras.

O ápice da falta de idéias acontece quando a policial se vê sozinha num parque e imagina estar sendo seguida. A câmera a circula para dar a idéia de vertigem e flashbacks pipocam, pela milésima vez, para pontuar o tormento da personagem. Essa obviedade contamina até o mistério: basta prestar atenção em quem ainda não apareceu com um cigarro nos dedos - segundo a lógica do filme, se a marca é uma queimadura, todos os fumantes são suspeitos - para saber quem terá seu segredo revelado no final.

Nota do Crítico

Ruim
Marcelo Hessel

A Marca

Twisted

2004
11.06.2004
97 min
Suspense
País: EUA
Classificação: 14 anos
Elenco: Philip Kaufman, Samuel L. Jackson, Ashley Judd, Andy García, Sarah Maur Thorp