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Crítica

Godzilla 2: Cidade no Limiar da Batalha

Segundo filme da trilogia em anime da Netflix aprende com os problemas de seu antecessor

01.08.2018, às 16H15.
Atualizada em 01.08.2018, ÀS 16H43

Desde 1954, Godzilla aterroriza e encanta a humanidade. Ícone da cultura pop, já destruiu diversas cidades em sua longa carreira, encontrou outras criaturas gigantes clássicas e até chegou ao ocidente em produções controversas. Porém, em novembro de 2017, pela primeira vez o rei dos monstros chegava aos animes, com o filme animado Godzilla: Planeta de Monstros, que dois meses depois chegaria a Netflix. A produção faz parte de uma trilogia, cuja segunda parte chegou ao serviço de streaming em julho.

Toho/Netflix/Divulgação

No primeiro longa a humanidade foi obrigada a se exilar no espaço após o aparecimento de Godzilla. Com a ajuda do povo alienígena Bilusaludos, parte do que sobrou da população terráquea foge em busca de um planeta habitável para que possa recomeçar a sociedade. Após 20 anos vagando sem encontrar um local, eles decidem voltar para a Terra, onde se passaram 20.000 anos desde sua partida por conta da diferença em anos-luz. Comandados pelo capitão Haruo Sakaki, os terráqueos derrotam Godzilla ao retornar, mas descobrem que aquele se tratava de um descendente. O monstro que havia atacado a Terra da primeira vez estava adormecido, e por ter evoluído durante todo o tempo em que dominou o planeta, havia chegado a 300 metros de altura. O hercúleo desafio de derrotar a criatura é o início de Godzilla: Cidade no Limiar da Batalha.

O segundo capítulo segue a linha sci-fi da anterior, porém empolga por ditar um ritmo mais dinâmico. Apesar de seguir a cartilha e deixar o embate com o monstro apenas para o clímax, a animação estabelece sua própria mitologia com mistérios e descobertas, dando espaço para a curiosidade e a interpretação. Os repetitivos diálogos expositivos de Planeta dos Monstros não aparecem com a mesma frequência, o que ajuda até mesmo na construção dos personagens. A confiança dada ao capitão Haruo, por exemplo, é comprovada por seus feitos, não por seus discursos.

Ao trazer uma nova abordagem ao kaiju, a franquia abraçou abertamente características mais modernas de ficção-científica. Conceitos de tecnologia futurista e raças alienígenas, acabaram por estabelecer uma noção de realidade fantasiosa que em certos pontos força a barra desnecessariamente para fazer com que a história atinja seus objetivos sem muita criatividade. Não há exemplo melhor que o nano-metal, uma tecnologia há muito esquecida pelos Bilusaludos na Terra, transformando a chance de matar o monstro a um Deus ex Machina gigantesco.

Visualmente o filme segue o bom resultado do anterior. Embora animes em 3D sejam controversos por geralmente não atingir o mesmo nível dos tradicionais 2D em termos de ação ou detalhes, Godzilla vai na contra-mão e mostra que é possível criar belos cenários e sequências de tirar o fôlego com o auxílio da nova tecnologia. Apesar do astro ser o monstro, a animação capricha no design de dispositivos tecnológicos como naves, veículos e armas, que quando colocados em ação impressionam pela fluidez dos movimentos.

Embora não traga as alegorias e comentários sociais do filme de 1954, a versão animada também utiliza o monstro para fazer uma crítica ao comportamento humano. Durante sua longa carreira esse aspecto foi deixado de lado muitas vezes, mas o novo “Gojira” continua a ser uma resposta à destruição causada pela civilização, despertando o vingador da Terra. Mesmo sem a mesma contundência, é uma amostra de que apesar de mirar no futuro, a produção está ciente do que já foi feito e o que Godzilla significa na cultura pop.

O capítulo final dessa nova franquia chega aos cinemas japoneses no fim de 2018 e a expectativa é grande: a cena pós-créditos promete um embate grandioso para encerrar a nova empreitada com chave de ouro.

Nota do Crítico
Bom