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Crítica

Garota Exemplar | Crítica

David Fincher faz adaptação fiel do best-seller

2 min de leitura
MH
29.09.2014, às 14H08.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

A insistência do diretor David Fincher, junto à Fox, de ter Rosamund Pike como a protagonista de Garota Exemplar (Gone Girl, 2014) se justifica ao fim do filme. A atriz londrina dá vida, com sua beleza fria e sua figura fantasmagórica, a mais uma heroína trágica do cinema de Fincher, a exemplo de Ripley ou Lisbeth Salander, brutalizada e desumanizada para aprender a sobreviver no mundo dos homens.

garota exemplar

É como uma anti-heroína que Amy Dunne (Pike) se revela ao espectador no filme, que a roteirista Gillian Flynn adapta fielmente de seu próprio romance. Amy desaparece na manhã do seu quinto aniversário de casamento, na casa que divide com o marido Nick (Ben Affleck) na cidadezinha natal dele, no Missouri. À medida em que Nick vai se tornando, com os dias, o principal suspeito do sequestro (ou homicídio), ele percebe que talvez seja o verdadeiro alvo.

O filme mantém tanto a estrutura quanto as viradas do livro, e embora tenha se falado muito, durante a produção do longa, que o final poderia ser alterado, o desfecho de Garota Exemplar só faz pequenos ajustes em relação ao material original. Notadamente, Fincher estende até o fim o circo midiático em torno de Amy e Nick, para dar um fecho mais apropriado ao teatro de aparências que está no centro da trama - tanto o teatro da investigação, com a manipulação da opinião pública, quanto o teatro do casamento, com suas projeções de expectativas.

O jogo de aparências perde um pouco o vigor se o espectador já souber da principal reviravolta do livro, mas isso não tira do filme a força do seu comentário sobre os relacionamentos. É o filme mais cínico de Fincher desde Clube da Luta e, assim como o longa de 1999, é do cinismo que vem o seu potencial cômico. Ben Affleck entende perfeitamente esse potencial e cria um Nick Dunne ridículo na medida, sem cair na caricatura.

Assim como a Amy de Rosamund Pike pode ser um símbolo, na mão de um Fincher sempre em flerte com a misoginia, da Mulher Pragmática dos dias de hoje, o Nick de Ben Affleck é a síntese do homem emasculado, numa América igualmente falida, enquadrada pela câmera de Fincher em ruas desertas, em letreiros de lojas fechadas. É curioso que o diretor, tão apegado a seus filtros esverdeados, não filme tanto as cenas de exterior diurnas com essa pegada estetizante. É como se Fincher não precisasse mexer muito no que vê para deixar os EUA ainda mais desesperançosos.

Nota do Crítico

Ótimo
Marcelo Hessel

Garota Exemplar

Gone Girl

2014
02.10.2014
145 min
Drama
País: EUA
Classificação: 16 anos