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Forças Especiais | Crítica

Filme francês abraça o jeito G.I. Joe de ver a guerra

08.12.2011, às 20H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H32

"Ainda temos uma carta na manga, Sr. Presidente. Precisamos mandar as Forças Especiais!", diz o auxiliar do presidente francês quando uma jornalista é sequestrada por talibãs no Afeganistão. Parece diálogo de G.I. Joe... É o cinema comercial francês mais uma vez emulando Hollywood, e em Forças Especiais (Forces Spéciales) impera o orgulho militarista à Michael Bay.

forças especiais

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Chega a ser cômica a forma como as intervenções ocidentais no Oriente Médio e nos Balcãs são simplificadas no filme do diretor estreante Stéphane Rybojad. Personagens são reduzidos a uma legenda ("fulano, criminoso de guerra"), a mídia é vilificada ("se atacamos eles criticam, se não fazemos nada criticam também") e a situação árabe, didatizada como se ninguém conhecesse o talibã ("aqui nesta vila eles estão dizendo que o talibã força os garotos a lutar!", diz um soldado surpreso). Nem demonizar o Islã o filme consegue direito, já que o líder extremista não é um árabe de fato.

É uma comicidade involuntária porque Forças Especiais se leva a sério (o filme é dedicado no final a soldados e correspondentes de guerra) e tem nomes internacionais "de prestígio" - Diane Kruger interpreta a jornalista e Djimon Hounsou faz o líder das Forças Especiais que parte para resgatá-la, todo mundo falando um francês impecável. A consultoria militar também é muito competente - o elenco aprende sinais, posicionamento, tática de enfrentamento etc. Nada que qualquer jogador de Modern Warfare não conheça de cor.

A associação com os videogames é óbvia, mas no filme de Rybojad ela está especialmente presente; os integrantes das tais Forças Especiais são de fato tratados como action figures à la G.I. Joe, com direito a bordão ("I Love the Job", diz um deles em inglês). É desconcertante o momento em que estão todos dentro do helicóptero e Rybojad vai fechando os close-ups em cada um, acompanhados de legendas com os nomes dos personagens: Kovac, Lucas... É a guerra embalada da maneira mais primária como game, com personagens reduzidos a seus nomes, para facilitar a "coleção".

Nos Comandos Em Ação pelo menos os codinomes eram mais criativos: Bazuqueiro, Raio Laser, Cão Bravio...

A certa altura do filme, quando as Forças Especiais decidem que se cansaram do jogo de gato e rato com o talibã, o grupo inteiro sai da cobertura, alinha-se e metralha de frente o grupo inimigo (muito mais numeroso), porque afinal a "superioridade" ocidental não é só tecnológica e estratégica como também moral: "esconder-se" é para os fracos. Imediatamente vem à mente a cena de Rambo 3 em que John Rambo e o Coronel Trautman encaram sozinhos praticamente todo o exército soviético.

Naquela época os afegãos eram "nossos" amigos, as coisas obviamente mudaram, mas a ilusão de que guerras se ganham no grito, pelo visto, continua a mesma na era Sarkozy.

Forças Especiais | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Ruim