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Crítica

Férias Frustradas | Crítica

Embora funcione melhor como esquetes do que road movie, retorno da franquia encontra voz própria

MH
09.09.2015, às 16H55.

Embora Férias Frustradas tenha ficado quase 20 anos longe dos cinemas - desde que o quarto filme da série estrelada por Chevy Chase, Férias Frustradas em Las Vegas, estreou em 1997 - a comédia de estrada não deixou de ser um subgênero presente na produção americana mais recente, mesmo nos nichos mais variados, do indie (Pequena Miss Sunshine) ao étnico (Querem Acabar Comigo). Enquanto volta à estrada, portanto, o retorno da família Griswold às telas não tem necessariamente a nostalgia como ponto mais forte.

O roteiro de John Francis Daley e Jonathan Goldstein reconhece isso logo de cara, fazendo piada com o fato de os jovens não conhecerem a franquia. "Estas férias serão uma coisa independente da outra", diz Rusty Griswold (Ed Helms) ao seu filho quando o adolescente diz que "nunca ouviu falar das Férias originais". Embora a trama parta de uma familiaridade - Rusty quer levar mulher e crianças para o mesmo parque de diversões onde seu pai o levou na infância - e o filme tenha meia-dúzia de easter eggs (a velha perua wagon, a garota na estrada que tira a atenção de Rusty, a ponta de Chase e de Beverly D'Angelo...), Daley e Goldstein buscam a autonomia.

E os roteiristas/diretores conquistam essa autonomia ao dar às gags físicas e às piadas textuais uma personalidade própria. A julgar pelos trailers, o novo Férias Frustradas tem algumas cenas que foram rodadas e ficaram de fora da versão final, mas isso não impede a dupla de manter um padrão no tempo e no grau das piadas. As provocações entre os dois irmãos são um exemplo, assim como a voz do GPS em coreano (piada que no começo deixa a impressão de que se esgotará logo, mas termina funcionando bem como punchline ao longo do filme).

A viagem em si, com tudo o que tem de imprevisível, acaba sendo bem aproveitada comicamente, em especial nas situações que envolvem o veículo Tartan Prancer ("a Honda da Albânia") - cujas bizarrices às vezes parecem mais saídas de um desenho dos Looney Tunes do que de um filme em live-action. Essa disposição de Daley e Goldstein para pensar gags que beiram não só o grotesco mas principalmente o cartunesco e o surreal é o que faz de Férias Frustradas uma comédia com voz própria.

Infelizmente, essas características não tornam Férias Frustradas um road movie melhor, por si só. A maneira como Daley e Goldstein concebem e organizam as situações humorísticas não gera um acúmulo ou um crescendo (embora tenha um padrão), e quando Rusty explode e coloca para fora todas as suas frustrações, ou quando a família finalmente chega ao Walley World, o filme não consegue passar uma sensação de exaustão e de alívio que seja similar ao do Férias Frustradas original. Talvez seja sinal dos tempos que esse novo Férias Frustradas funcione melhor como esquetes... Mas, como tal, é uma comédia que está longe de ser só uma mera reprise.

Nota do Crítico

Ótimo
Marcelo Hessel