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Crítica

Família do Bagulho | Crítica

Não parece, mas é bom

21.10.2014, às 14H29.

Família do Bagulho é um dos raros casos em que o título em português é mais coerente com o filme do que o original. Se We’re the Millers (Nós somos os Millers) remete à falsa formalidade de uma família fajuta, a “tradução” brasileira consegue captar a essência de uma comédia que, apesar da qualidade duvidosa, consegue fazer rir.

Familia do Bagulho

Familia do Bagulho

O roteiro de Bob Fisher e Steve Faber (dupla de Penetras Bons de Bico) une a premissa de Queimando Tudo (1978), quando Tommy Chong e Cheech Marin fizeram a travessia México-EUA em uma van feita de maconha, ao lugar-comum da família improvável que nos ensina a importância do amor. Na trama, uma stripper (Jennifer Aniston), um garoto virgem abandonado pela mãe (Will Poulter) e uma garota problemática (Emma Roberts) são recrutados pelo traficante David Burke (Jason Sudeikis) para posar como a típica família norte-americana, enquanto atravessam toneladas de drogas em um inocente motorhome.

Por mais que se venda como uma comédia inusitada, não há nada de novo na trama ou nas reviravoltas emocionais de Família do Bagulho. Depois de muitas desventuras, o amor prevalecerá e tudo se resolverá harmonicamente. Ainda assim, Sudeikis acerta no tom das piadas, como se estivesse consciente de todos os clichês que o cercam. Uma imitação de Bane aqui, uma referência a Tom Waits acolá e o comediante consegue tomar o filme para si, alinhando também as atuações de todo o elenco - que conta com ótimas participações de Nick Offerman e Kathryn Hahn como um casal aparentemente conservador. Jennifer Aniston continua a ser Jennifer Aniston, mas desta vez exibe seu corpo de quarentona enxuta (e usa e abusa da sua dublê de bunda).

Há piadas ruins e vilões piores ainda - Ed Helms faz uma versão maligna e jamesbondiana do Andy Bernard de The Office e Tomer Sisley vive um chefão do tráfico "muito trapalhão" -, mas Família do Bagulho tem mais méritos do que erros. A lucrativa comédia, que já faturou mais de US$ 223 milhões para um orçamento de US$ 37 milhões, sabe como usar o bom elenco para contornar suas limitações narrativas, dando sentido até mesmo para piadas de tiozão como a do título brasileiro.

 

 

Nota do Crítico
Bom