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Crítica

Exit 8 escancara o que já sabemos: nem todo game precisa de adaptação

Ideias e visual do filme funcionam até o momento em que o divertido se torna cansativo

4 min de leitura
05.09.2025, às 07H00.

Uma das maiores dificuldades das adaptações de games para o cinema é fazer com que o fã consiga sentir na telona a mesma emoção que tem na frente do videogame. É uma tarefa ingrata, já que além de acertar em adaptações visuais, é preciso também criar narrativas que façam o jogador se identificar com aquela jornada. A torcida de bico para a segunda temporada de The Last of Us está aí para comprovar isso. Quem jogou com Ellie no PlayStation não viu aquela personagem na série da HBO. Mortal Kombat decidiu criar um personagem inédito - Cole Young - para ser protagonista de uma história que tem uma dezena de outros já conhecidos e amados pelos fãs. A lista poderia continuar aumentando, mas já deu para entender o ponto. Exit 8, filme dirigido por Genki Kawamura, é mais uma prova de que nem todo game precisa - ou merece - uma adaptação.

Baseado no jogo da Kotake Create, a produção segue exatamente a premissa do material original: um homem se vê preso em corredores da saída da estação do metrô e precisa cumprir regras para conseguir deixar o local. A regra é clara: encontrou uma anomalia no ambiente, volte imediatamente. Não encontrou nenhuma, segue o caminho. Andando em looping, ele precisa acertar oito vezes e caso erre, volta para a estaca zero. O que é um exercício de atenção no jogo, vira uma experiência cansativa e boba no cinema.

Exit 8 até começa bem, com uma longa introdução simulando visão em primeira pessoa. Quando “O Homem Perdido” (Kazunari Ninomiya) passa a ser em terceira pessoa, o filme ainda tem fôlego para o seguirmos por alguns erros e acertos. A recriação do cenário e dos elementos que dão a dinâmica de encontrar anomalias ou não - posters, portas, um homem estranho caminhando - é perfeita. É até interessante decorar cada um desses elementos com ele. Mas aí acontece o primeiro erro. Daqui a pouco o segundo. Quando chega o terceiro, você já não aceita que ele tenha sido estúpido daquele jeito. Genki Kawamura, com a história simples que tem nas mãos, ainda tenta adicionar mais elementos ao protagonista. A namorada grávida, o emprego temporário, a condição física… nada de fato funciona e complica ainda mais a parte final com o surgimento de uma criança no “jogo”.

A verdade é que depois de meia hora de filme, Exit 8 não tem mais nada para contar de novo. A história tenta mudar de foco ali pela metade, dando importância para o homem de camisa branca que fica andando pelo corredor e até começa interessante. Entretanto, logo se torna uma repetição do que já havíamos visto até aquele momento. O filme não dá oportunidade ao espectador de investigar junto com o protagonista, algo que poderia ser resolvido com a fotografia em primeira pessoa, por exemplo. Não há mistério e tudo parece se resolver com uma tentativa de terror psicológico que não decola. O que é anormal, e deveria ser surpresa, logo é revelado pela trilha que grita para nos avisar. Se uma porta se abre sozinha, a resposta é óbvia, mas o homem precisa olhar lá dentro. Até a decisão da última cena é facilmente telegrafada no roteiro escrito por Kawamura e Kento Hirase.

Vale dizer que Exit 8 seria um filme perfeito para ser comprado por algum streaming. Essa estranheza da dinâmica e os elementos “complicados” que tenta criar, seriam um prato cheio para discussões em redes sociais ou explicados, vide O Poço, por exemplo. 

Para ficar nas comparações com videogames, assistir ao filme é como ver aquele seu amigo que não sabe e nem se esforça para aprender o jogo. Você só quer tirar o controle da mão dele antes que ele faça mais uma burrada e você tenha que ver ele jogar tudo de novo. E isso pode até ser divertido no videogame, mas só prova que, como um filme de 90 minutos, está mais para uma anomalia.

 

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Nota do Crítico

Exit 8

8-ban deguchi

2025
95 min
País: Japão
Direção: Genki Kawamura
Elenco: Kazunari Ninomiya