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Crítica

Eu Queria Ter a sua Vida | Crítica

Uma paródia adulta para a manjada comédia de troca de corpos

06.10.2011, às 20H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Ninguém aguenta mais o sub-gênero das comédias de troca de corpos, aquele em que duas pessoas passam a habitar o corpo uma da outra, passando, assim, a valorizar o seu próprio cotidiano. São tantos filmes com essa temática que, quando Eu Queria Ter a sua Vida (The Change-Up) foi anunciado, de cara eu já não gostei.

Eu Queria Ter a sua Vida

Eu Queria Ter a sua Vida

Eu Queria Ter a sua Vida

Pois a expectativa zero ajuda - e muito - ao filme. Não demora para que se perceba que, mais do que uma comédia desse tipo, o filme é uma paródia adulta às situações da troca de corpos clássica. David Dobkin (Penetras Bons de Bico), o diretor, faz uma espécie de Se Beber Não Case (os roteiristas são os mesmos) com essa premissa - algo totalmente inesperado depois de vermos (duas vezes) até o bom-moço Tony Ramos encarando filmes assim.

Eu Queria Ter a sua Vida é errado do começo ao fim. Mergulha fundo na escatologia e situações sexuais, ignora qualquer coerência de roteiro e faz piadas extremamente baixas. É tão sem-vergonha que acaba funcionando... e no caminho entrega até algumas boas frases, como o mote da personagem de Olivia Wilde (difícil não se relacionar com "não fomos colocados nessa vida para comer, reproduzir e morrer"). Até o artifício mágico da troca é nojento: uma urinada conjunta em uma fonte, em que os personagens principais, bêbados, "cruzam os feixes", em uma referência divertida a Caça-Fantasmas.

Ryan Reynolds (Lanterna Verde) e Jason Bateman (Quero Matar meu Chefe) estão muito bem nos papeis principais. O primeiro é um mulherengo incurável. O outro, um pai de família lotado de responsabilidades. A troca de personagens, quando acontece, equilibra bem as situações inusitadas e os pequenos maneirismos de cada um, mostrando que Reynolds e Bateman se conhecem suficientemente bem para caçoar um do outro. Ótima também está Leslie Mann como a esposa do personagem de Bateman, ainda mais surtada do que o habitual que conhecemos dela dos filmes do marido, Judd Apatow.

A trama, claro, mais uma vez aborda o tema recorrente no cinema do adulto infantilizado, mas o faz sem preconceitos, adicionando à mistura uma discussão interessante sobre a liberdade dentro de um relacionamento estável (para Dave, o paraíso é poder evacuar em paz e se masturbar à vontade). Ambos os lados têm suas vantagens e desvantagens - e prova que, no final, estamos todos é mesmo ferrados. O roteiro, porém, erra bastante a mão ao fechar aos poucos sua torneira de besteirol e entregar um previsível e careta clímax.

Assista às entrevistas exclusivas com o elenco de Eu Queria Ter a sua Vida

Eu Queria ter a sua Vida | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Bom