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Crítica

Escola de Quebrada traz olhar bem-humorado e estiloso sobre jovens da periferia

Filme do Paramont+ produzido por Kondzilla se passa na Zona Leste de São Paulo

3 min de leitura
GD
08.03.2023, às 16H19.
Atualizada em 16.03.2023, ÀS 12H30

Créditos da imagem: Divulgação

Em um primeiro momento, a alta concentração de gírias por minuto pode até dar a impressão de que espectadores de outra geração ou um contexto social diferente ficarão deslocados ao assistir a Escola de Quebrada. Mas é só impressão. Sim, o filme recém-lançado pelo Paramount+ tem uma estética própria e linguagem moderninha, mas o coração da história é universal: seja na Zona Leste de São Paulo, em outras periferias Brasil afora ou em qualquer outro cenário, a adolescência é uma fase marcante e desafiadora.

O longa criado por Kaique Alves, que também assina a direção ao lado de Thiago Eva, acerta ao trazer um olhar bem-humorado sobre o trio de protagonistas, Luan (Mauricio Sasi), Rayane (Bea Oliveira) e David (Lucas Righi), alunos da Escola Estadual Professor Mandelão. O primeiro é capaz de qualquer coisa para ser notado pela crush, Camila (Laura Castro). Isso inclui mudar o visual, usar roupas (falsificadas) de grife ou tentar se aproximar de um dos grupos mais populares da escola, como os “engraçadões” ou “os mil grau”. Seu jeito atrapalhado, no entanto, não facilita as coisas e provoca confusão atrás de confusão.

O roteiro, escrito por Natália Balbino, Tico FernandezPedro Emanuel e Fernanda Leite, explora bem os recursos para tornar a trama mais divertida, como os Mandamentos da Escola de Quebrada, e envolvente, como a narração em off - mecanismo existente também na série Todo Mundo Odeia o Chris, que serviu de inspiração para o filme.

Carismático, Mauricio Sasi se mostra bem à vontade na comédia, que consegue extrair humor de situações banais como a difícil decisão de vender um videogame ou a heresia de pisar no tênis de um mil grau. Outro destaque do elenco é Bea Oliveira, que convence na pele da determinada e doce Rayane, cujo sonho é montar um grêmio estudantil, a despeito da falta de interesse dos outros alunos.

Escola de Quebrada, no geral, apresenta um bom universo de personagens. Alguns são mais caricatos, como a diretora durona (interpretada pela Mawusi Tulani), a professora engajada e gente boa (personagem de Jéssica Barbosa) e o inspetor falastrão (vivido por Oscar Filho), mas que funcionam com o tipo de humor proposto. No entanto, há espaço também para outros tipos mais originais, como o tio sangue-bom e folgado, o “mestre jedi da quebrada” (papel de Helião), e a mãe superprotetora, que desconhece completamente o gosto do filho para roupas e cortes de cabelo (vivida por Pathy Dejesus).

Outro aspecto que chama a atenção é a forma escolhida de abordar alguns temas que tradicionalmente poderiam ser o carro-chefe de uma história ambientada em alguma favela brasileira. O debate sobre linguagem neutra, por exemplo, entra de forma mais didática, numa discussão entre alunos e professora, mas rechaça de certa forma a ideia de que alguns temas não são discutidos na periferia. Já a gravidez na adolescência é apenas uma característica de uma das alunas, que cai no funk com as outras “mandrakas” da escola sem nenhum problema.

Apesar de ter um público-alvo bem definido e ter potencial para a formação de novas plateias, o filme não traz elementos de identificação apenas para os jovens de quebrada. E é muito bem-vinda a iniciativa de um protagonismo negro e periférico na produção audiovisual nacional que não esteja diretamente relacionado a violência, racismo e pobreza. Diversidade e representatividade também significam entender que essa grande parte da população tem o direito de rir, se divertir e sonhar.

Nota do Crítico

Escola da Quebrada

2023
País: Brasil
Direção: Thiago Eva, Kaique Alves
Roteiro: Fernanda Leite, Tico Fernandez, Natália Balbino
Elenco: Bea Oliveira, Mauricio Sasi, Lucas Righi