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Crítica

Elsa & Fred | Crítica

O amor octogenário

26.11.2014, às 23H34.
Atualizada em 10.01.2015, ÀS 18H36

Não acredito que o amor morra na velhice. Idosos não deixam de querer se divertir, namorar, passear, fazer e ter companhia. Elsa & Fred vai a fundo na ideia de que pessoas mais velhas não estão mortas, que não necessariamente precisam da atenção e ajuda de enfermeiras ou dos filhos, mas que podem ajudar uns aos outros.

Elsa e Fred

Shirley MacLaine é Elsa Hayes, uma senhora bem apessoada e cheia de vida, que cria contos e vive cada momento dos últimos anos de sua existência; enquanto Christopher Plummer é Fred Barcroft, um senhor carrancudo que está convencido de que tudo já acabou e parece querer definhar em seu novo e pequeno apartamento.

Adaptação estadunidense do filme homônimo argentino, Elsa & Fred tem todos os elementos para ser um belo filme: um excelente elenco com ótima química entre si, lindas locações em Nova Orleans e na Itália e a proposta de uma cativante história de amor na terceira idade. No entanto, as peças não se encaixam tão bem quanto deveriam e o roteiro truncado transforma a história em um confuso drama familiar existencial.

Com pouco mais de uma hora e meia de duração, o filme se propõe a apresentar mais tramas do que dará conta de finalizar, encerrando assuntos importantes com pressa e superficialidade. Os filhos de Fred e Elsa, respectivamente interpretados por Scott Bakula e Marcia Gay Harden, ficam subaproveitados, com funções na trama que variam que levar Elsa ao médico e bradar com Fred sobre o parque na rua à frente.

Elsa & Fred mais parece uma colagem de momentos ao longo de uma vida inteira do que duas semanas condensadas em menos de duas horas. Ao mesmo tempo, passa a sensação de que tudo aconteceu em dois dias. A confusão é causada principalmente pela rápida passagem de tempo e familiaridade do casal, que se tornam muito próximos muito depressa. Fica também à margem Max (James Brolin), que aparece momentaneamente para aconselhar Fred das loucuras de Elsa - explicando também o arrependimento de tê-la deixado para trás. Não deixa de ser divertido (e gracioso) ver os dois atores octogenários agindo como adolescentes apaixonados.

Enfim, nada fica muito claro na confusão de sentimentos de Elsa e Fred, que se transformam após a transição de uma cena. Em um momento, o ranzinza Fred não quer nada com Elsa - no momento seguinte, já é seu confidente e melhor amigo. Faltou consistência de roteiro para que Elsa & Fred se tornasse uma verdadeira comédia romântica em vez de ser mais uma fofa história de velhinhos apaixonados.