É fácil entender a necessidade da indústria do entretenimento de criar ícones pop, midas modernos que enchem os cofres de dólares por onde passam, caso de j-los, britneys e também do ex-N*Sync Justin Timberlake. Já tentaram "cavar" um lugar para ele no filme do Super-Homem, no do Homem-de-Ferro, Batman e até mesmo em Duro de Matar 4.0. Em vão. Seu debute no cinema acontece apenas agora em Edison - Poder e corrupção (Edison, 2005), que estreou na Grécia em julho do ano passado, foi exibido no encerramento oficial do Festival de Toronto, saiu direto em DVD na Alemanha e agora chega aqui, antes de sequer entrar em cartaz nos cinemas norte-americanos, o que levanta uma série de suspeitas (posteriormente confirmadas) sobre a sua qualidade.

Ruim para Timberlake, pior ainda para atores consagrados, como Kevin Spacey e Morgan Freeman, que também atuam no filme. Os dois ganhadores do Oscar devem estar desesperados para pagar as contas. Só assim para entender o seu envolvimento em um projeto tão cheio de clichês e de história tão batida, dirigida e roteirizada pelo estreante David Burke, que participou da série de TV Wiseguy.

A trama mostra uma unidade de elite da polícia chamada FRAT, que corresponde à sigla inglesa de Força Tática de Defesa e Ataque. Seus membros têm carta branca para agir como bem quiserem e abusam deste poder sempre que podem, com arrogância e violência. Em uma batida liderada pelo sargento Lazerov (Dylan McDermont), um traficante acaba morto. Após testemunhar sobre o ocorrido, o policial Raphael Deed (LL Cool J) é surpreendido por um repórter novato que desconfia do que realmente aconteceu naquela noite.

Com a intuição de que tem um bom caso em suas mãos, Josh Pollack (Timberlake) resolve investigar a fundo, mas é desencorajado pelo seu editor, Moses Ashford (Freeman), que o manda embora. Inconformado, o jornalista vai à casa do seu ex-empregador e o confronta, indagando como um ganhador do Prêmio Pulitzer pode deixar aquilo passar em branco. A gana do novato instiga o velho repórter, que passa a ensinar o duro caminho das pedras para se conseguir uma boa matéria.

Esta mudança de posicionamento de Moses, que passa do papel de dono de um jornal de bairro que conformadamente publica cupons de desconto a tutor não convence. Como também não convence o papel de Kevin Spacey como o investigador certinho que trabalha no meio da mais corrupta das cidades e só começa a se mexer depois que o vespeiro começa a ferver. Perdido no meio de tudo isso está o personagem interpretado pelo ex-rapper LL Cool J, que entra para a FRAT sabendo o que ela realmente fazia e posteriormente a renegando, quando decide se casar.

Como ator, Justin Timberlake não se sai mal. Mas com certeza precisa ter uma conversa franca com as pessoas que cuidam da sua carreira. Afinal, não é um filme ruim como este que vai lançá-lo ao estágio de estrela de Hollywood, nem fazer os fãs esquecerem que há dois anos ele se envolveu com a Janet Jackson e o "nipple-gate".