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Crítica

Doidas e Santas | Crítica

Maria Paula se esforça, mas não consegue melhorar o formato óbvio do filme

24.08.2017, às 13H38.
Atualizada em 24.08.2017, ÀS 16H46

Não é arriscado dizer que o público busca alguma coisa quando decide assistir um filme. Alguns podem querer aprender mais sobre a vida; outros podem buscar conhecimento sobre algo que não sabem e há ainda a parcela que quer apenas algumas horas de diversão após dias estressantes. Porém, não dá para negar que todos esperam algo verdadeiro das produções, algo que torne crível os personagens em tela. Infelizmente, isso não é entregue em Doidas e Santas, filme estrelado por Maria Paula, conhecida por anos de trabalho no Casseta & Planeta.

Baseado no livro de Martha Medeiros, o longa conta a história de Beatriz (Paula), uma terapeuta com vários livros de sucesso sobre relacionamento, mas que vê suas relações com marido e a família irem de mal a pior. Ela é boa em aconselhar os outros, mas acaba deixando a si mesma de lado. O tema colocado no filme chega a ser interessante: uma mulher com anos de casamento, uma vida estabilizada, mas com dificuldades em ter uma ligação mais profunda com as pessoas à sua volta. O que incomoda não é nem tanto o conteúdo, mas sim a forma como isso é passado ao público.

Ao invés de aprofundar seus diálogos, Doidas e Santas segue um formato novelesco, em que os personagens falam coisas óbvias e da forma mais artificial possível. Para acentuar ainda mais essa linguagem, a trilha sonora é caricata: quando o filme vai para o subúrbio ouvimos um pagode; os passeios pela praia têm MPB e os momentos românticos são acompanhados pelas notas de um piano. Mais óbvio impossível.

Para a maioria do público brasileiro, acostumado com novelas, essa é uma forma familiar de contas histórias, mas quem vai aos cinemas busca algo mais. Nem como comédia o filme consegue se destacar: os momentos verdadeiramente cômicos podem ser contados nos dedos.

Ainda assim, parte do elenco se sai bem em certos momentos. Quando tem falas melhores, Maria Paula mostra bem a fragilidade e confusão de sua personagem; Nicette Bruno é um alívio de diversão no papel da mãe da protagonista (e responsável pela maioria das cenas divertidas) e Georgiana Góes também faz uma boa interpretação como Berenice, a irmã despreocupada de Beatriz.

Infelizmente, a sensação é que faltou esforço em contar a história de Beatriz de forma diferente, que conseguisse cativar e surpreender o público. Uma pena.

Nota do Crítico
Regular