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Crítica

Despedida em Grande Estilo | Crítica

Zach Braff dirige elenco consagrado em comédia de assalto feita toda no automático

06.04.2017, às 19H39.
Atualizada em 06.04.2017, ÀS 20H02

Depois de despontar como diretor com Hora de Voltar (2005), filme que pegou o melhor momento das comédias dramáticas de receita Sundance junto ao grande público, pouco antes de Pequena Miss Sunshine chegar ao Oscar, Zach Braff se rende à máquina hollywoodiana em Despedida em Grande Estilo (Going in Style), uma mistura de filme de assalto com drama de terceira idade que parece gerado por osmose.

Braff não havia gerado muita repercussão com seu segundo longa, Lições em Família (2014), e desta vez fica apenas atrás das câmeras, favorecido pelas presenças de Michael Caine, Morgan Freeman e Alan Arkin - três atores que carregam o cartaz e vendem o filme mas que também não são, necessariamente, figuras que movimentam paixões com personagens disruptivos. Na trama, os três interpretam aposentados que se juntam contra o banco que tomou suas pensões, e o único conflito minimamente atraente que o filme propõe é o comportamento bronco adorável com que o personagem de Arkin lida com os demais.

A acomodação geral e irrestrita toma Despedida em Grande Estilo de todos os cantos, portanto, num projeto que nasce pensado para uma reserva de mercado consolidada; é o filme contra as maldades de Wall Street feito à exaustão nesta década, para o público que vai ao cinema tomado pela mão, num gênero cuja linguagem manjada Braff sequer esboça arejar, com o assalto ensaiado e depois repassado em flashback com muita canção pop colando a montagem.

É possível fazer esse tipo de filme com figuras de carisma em piloto automático e, ainda assim, criar uma narrativa com personalidade. Um exemplo recente e semelhante é Amigos Inseparáveis, que passa por viradas previsíveis mas o faz com um senso de melancolia e despedida que é muito mais envolvente do que em Despedida em Grande Estilo. Alan Arkin estrela os dois, aliás, e vale comparar para ver como o ator rola os olhos em desesperança com muito mais frequência no filme de Braff.

Nota do Crítico
Regular