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Crítica

Deixa Rolar | Crítica

Nem comédia, nem romance...

GF
10.06.2015, às 17H27.
Atualizada em 10.06.2015, ÀS 17H53

Depois de dirigir Before We Go, Chris Evan volta a trabalhar com os mesmos roteiristas para protagonizar a comédia romântica Deixa Rolar (Playing It Cool), dirigida pelo estreante Justin Reardon. Evans é o narrador sem nome (para facilitar, vamos chamá-lo de ELE) e Michelle Monhagan é a mocinha, também sem nome (ELA), por quem ele se apaixona.

ELE é um escritor que, para poder fazer um filme de ação, aceita escrever uma comédia romântica primeiro, apesar de não acreditar no amor. Em um evento de caridade, o escritor encontra ELA e, depois de umas risadas, ele deixa de lado o ceticismo e começa a se render à paixão.

Na trama, cada vez que um amigo conta uma história, o escritor se imagina nela; dessa forma, o longa apresenta Chris Evans em versão oriental, astronauta, camponês, mulher, marinheiro e por aí vai. Além da versão do Evans-Coração: sempre de preto e fumando, este é uma personificação do coração do autor.

O filme começa criticando as comédias românticas, mas as contestações caem por terra como se o objetivo fosse mostrar aos que não acreditam na trama batida dos filmes que eles estão errados. É uma premissa parecida com O Crítico, longa que apresenta um jornalista que se vê preso em uma história de amor da vida real muito parecida com as que tanto odeia no cinema. Porém, enquanto o filme argentino investe nas aflições e contradições subjetivas do crítico, a trama de Deixa Rolar se passa em plano superficial onde praticamente não existe processo de desconstrução do ceticismo do escritor em relação ao amor, e a interpretação de Evans deixa de lado toda e qualquer subjetividade.

É perceptível a falha dos roteiristas no desenvolvimento das personagens femininas. A mocinha, independente, ousada e divertida, por motivos inexplicáveis, se mantém presa ao noivo (Ioan Gruffudd), mesmo sem amá-lo, por ser a opção estável. Mallory (Aubrey Plaza), a única amiga mulher do escritor, começa como um bom alívio cômico, mas a trama se encarrega de levar sua personagem para um lugar comum das comédias românticas (sem mais detalhes para não estragar o desfecho).

Scott (Topher Grace), um romântico incorrigível, cumpre o papel de voz do coração do protagonista muito melhor que a versão vintage do próprio Evans. Os amigos do escritor (Luke Wilson, Grace e Plaza) são os únicos que conseguem arracancar alguns risos, mas o diretor os aproveita bem abaixo de seu potencial.

O longa pode até agradar aos que buscam uma história fácil e leve, mas dificilmente vai durar na memória. As histórias paralelas, o coração-personagem, a ausência de nomes, todos esses elementos prometem dar um diferencial, no entanto Reardon não faz com que eles contribuam para o desenvolvimento da história e a bagunça criada não chega a ser nem divertida. Os personagens imaginários não fazem rir, o coração fumante não muda de expressão e, como protagonista, Evans não arranca suspiros.

O escritor conta que toda vez que ouve “Eu Te Amo” de uma garota, só consegue responder: "Eu não consigo me imaginar sentindo a mesma coisa por você". De fato, não é possível imaginar Evans sentindo qualquer coisa parecida com amor em Deixa Rolar.

Nota do Crítico

Ruim
Gabriella Feola