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Crítica

Crítica: Salt

Filme feito de camadas de referências não vai além do superficial

29.07.2010, às 17H03.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H05

"Quem é Salt?", quer saber a campanha de divulgação do filme de ação e espionagem Salt. A pergunta procede. É muito difícil identificar essa pessoa debaixo de tantas plásticas.

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Salt começou como um filme desenvolvido para Tom Cruise. O personagem, Edwin A. Salt, era um oficial da CIA acusado de ser espião russo por um desertor soviético da época da Guerra Fria. A missão de Salt é evitar ser preso e provar sua inocência - a rotina de sempre. Cruise não ficou; deixou o filme para fazer Encontro Explosivo. Entra Angelina Jolie. No roteiro, Wimmer mudou o básico: Edwin Salt se tornou Evelyn Salt.

Mas, desculpe a insistência, quem é Evelyn Salt?

Primeiro há o óbvio: ela é um Jason Bourne que precisa de mais tintura de cabelo para se disfarçar. (Por extensão, o diretor Phillip Noyce faz o genérico de Paul Greengrass.) Salt também é, como Bourne, uma versão moderna de MacGyver, improvisando armas com todo tipo de objeto de cena. Salt é meio Nikita, com seu olhar gelado de quem mata sem sofrer, mas tem o coração de uma personagem de O Jardineiro Fiel, com suas cenas de intimidade filmadas com fotografia estourada.

É de todas essas camadas de pele de outras pessoas que Salt é feita, e sob elas Jolie fica evidentemente engessada. A atriz trabalha toda a sua canastrice, suas viradas de rosto e seus beicinhos como se fosse, na verdade, a garota-propaganda em um daqueles comerciais com historinha da Chanel em forma de perseguição. Apesar dos andares de referências, tudo em Salt é superfície.

O que faz com que as viradas na trama, absurdas por natureza, se tornem potencialmente cômicas. Como o mistério da premissa de Salt é solucionado logo na metade do roteiro, fica difícil entrar em detalhes sem entregar demais.

Dá pra argumentar, no fim, que a impessoalidade do filme é inerente a esse subgênero da espionagem, estilo O Chacal, em que a essência do herói é justamente não ter uma personalidade só. Mas o problema de Salt é outro. O filme depende da nossa conexão emocional com a personagem de Jolie para funcionar, mas se relacionar com um manequim que só se presta à troca de figurino é pedir demais.

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Nota do Crítico
Regular