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Filmes
Crítica

Ricky | Crítica

François Ozon adere ao realismo fantástico em historinha carola

MH
31.03.2011, às 17H59.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H54

Cineasta chegado num artifício, seja a quebra da narrativa em Amor em 5 Tempos ou a apropriação de gêneros em Angel, o francês François Ozon testa com Ricky uma ilusão diferente: o realismo fantástico.

ricky

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Acompanhamos a história de Katie (Alexandra Lamie), uma operária francesa que começa o filme, bem ao gosto de Ozon, com uma charada: por que ela está diante de uma assistente social implorando, com a cara chupada de quem chora muito e dorme pouco, para que levem seu filho embora?

A trama volta alguns meses no tempo e agora, em tom de brincadeira, mostra Katie sendo acordada de manhã por sua filha, Lisa (Mélusine Mayance), como se a dona da casa fosse a menina. Desde esse começo percebe-se que há um núcleo familiar rachado ali: o pai de Lisa mora longe, Katie não parece muito a fim de assumir nada, e a filha vive com o peso da responsabilidade transferida.

Na fábrica, Katie então conhece Paco (Sergi Lopez), e logo engravida dele. Nasce Ricky, o bebê do título, que trará para o filme o elemento fantástico. Não convém aqui contar o que separa Ricky dos bebês normais, mas digamos que a sua presença "especial" age como efêmero catalisador de mudanças na casa.

A música de suspense, algumas situações de humor e muita maquiagem misturada com efeitos especiais garantem a atenção do espectador, enquanto Ozon transita, como sempre, no limite do que propõe (pintar as paredes do quarto da criança com nuvens é muito deboche...). No fim, porém, percebemos que Ricky poderia se chamar Lisa. A verdadeira protagonista da história é a irmã.

Não só porque há o ciúme natural de ser substituída por um novo filho, mas porque Lisa era quem mais sentia a quebra do núcleo familiar, e o tema que atravessa todo o filme é o da responsabilidade de gerir um núcleo desses. Ozon não só trabalha em cima desse ideal um tanto tradicional de família como se abre para interpretações religiosas - Katie é filmada sob a luz frenquentemente, e o bebê, sob essa leitura, seria uma manifestação divina. O clímax entre mãe e filho reforça essa impressão.

E não por acaso, quando Paco e Katie abraçam Lisa no final do filme, as mãos dos dois nas costas da menina formam o desenho de asas. Não só Ricky parece ser obra dos céus, Lisa também tem sua porção de querubim. Um tanto angelical, esse filme de Ozon.

Nota do Crítico

Bom
Marcelo Hessel

Ricky

Ricky

2009
01.04.2010
90 min
Drama
País: França
Classificação: 12 anos
Direção: François Ozon
Elenco: Sergi López, Alexandra Lamy, Mélusine Mayance, Arthur Peyret, André Wilms, Jean-Claude Bolle-Reddat, Julien Haurant, Eric Forterre, Hakim Romatif