Na crítica de [REC], escrevi que "Trata-se de um filme que pega elementos já utilizados em outros projetos similares do gênero, mas sabe como utilizá-los para criar algo novo e envolvente". E disse também que o que me dava medo de verdade era "saber que todos os acertos que serviram para ganhar o público e até mesmo o direito de um remake hollywoodiano sejam jogados fora no já anunciado [REC] 2".
[REC] Possuídos
[REC] Possuídos
O segundo filme da série espanhola começa exatamente onde o anterior parou. Depois que a repórter Ángela Vidal (Manuela Velasco) é puxada para o escuro, sobra para um segundo grupo entrar no prédio isolado. Cabe ao Dr. Owen (Jonathan Mellor) comandar a equipe de agentes da SWAT espanhola, todos munidos de câmeras nos seus capacetes, além de um deles portando uma câmera maior no seu ombro. Até aqui, tudo tal qual foi o primeiro filme, com a diferença de termos mais do que apenas um ponto de vista com a entrada das novas câmeras e nós, espectadores, já sabermos o que eles vão encontrar dentro do prédio.
Entra em cena, então, um segundo grupo, que obviamente também porta sua câmera, além de muita curiosidade. E assim vai embora o tom documental do primeiro filme. Afinal, agora já temos novos ângulos da história além da "câmera oficial", e há também uma edição que vai mostrando os diversos pontos de vista e o que está acontecendo com eles.
É uma tentativa clara dos diretores e roteiristas Jaume Balagueró e Paco Plaza de trazer um aroma diferente para o cenário de sangue e sustos, mas ao fazer isso, [REC] Possuídos ([REC]²) acaba perdendo parte do seu charme. Se nivela por baixo.
E apesar de parecer disposto a explicar o que acontece dentro do prédio, o filme acaba criando outras questões, mas agora sem a menor importância, parecendo até falha do roteiro. Por exemplo, por que ter um padre inglês investigando possessões se a história se passa em um país tão catolicamente tradicional como a Espanha? Ou ainda, por que tudo tem que ser documentado agora?
[REC] Possuídos não chega a ser um fiasco. Ele se esforça para tentar provar o motivo da sua existência, mas todos sabemos que ele só está aqui por motivos comerciais. Hoje em dia, não importa se é nos Estados Unidos, no Brasil ou na Espanha, um sucesso de bilheteria tem que ganhar uma sequência. E assim vamos voltando aos cinemas para assistir de novo aos mesmos filmes que já vimos antes. E, o que é pior, geralmente piorados.
Odeio dizer, mas eu te disse, não te disse?