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Crítica

Crítica: Quarentena

Refilmagem do longa espanhol [REC] não acrescenta coisa alguma

15.01.2009, às 16H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H43

É complicado escrever sobre Quarentena (Quarantine, 2008) depois de ter visto [REC] há tão pouco tempo. Essa versão estadunidense é idêntica à espanhola em vários aspectos e justamente no que tenta se diferenciar acaba piorando. Talvez minha opinião fosse diferente se não tivesse como referência a obra original, mas como este não é o caso vamos às inevitáveis comparações.

Quarentena

Quarentena

Troquemos Barcelona por Los Angeles e a carismática Manoela Velasco pela esforçada Jennifer Carpenter no papel da repórter Angela Vidal. O programa noturno continua o mesmo e cabe à Angela e seu câmera seguirem uma noite na rotina dos bombeiros, incluindo aí a oportunidade de acompanhá-los em um chamado. No meio da noite, chega a notícia de que uma velha acordou todo o seu prédio com uma gritaria sem fim. E lá vão eles.

O prédio construído no estúdio da Sony é muito parecido com o utilizado pelos espanhóis (que era real). Sabendo isso e tendo visto alguns vídeos promocionais, as surpresas vão indo embora, sobrando muito pouco da tensão criada pelo desconhecido. Muitas das cenas são idênticas. Isso pode ser entendido como um respeito ao roteiro e o longa originais ou um medo exagerado de mudar algo que já está comprovadamente testado e aprovado.

Por outro lado, há também as mudanças que não acrescentam nada à trama, como o aumento do número de moradores do prédio e uma tensão sexual de um dos bombeiros para cima da apresentadora. Mas o pior é que na tentativa de tornar o longa mais palatável ao público estadunidense mediano, Quarentena explica demais. Ao contrário do clima de suspense que se mantém até o desfecho, alguns desses novos personagens estão ali só para poder dizer que a infecção é uma espécie mais violenta e rapidamente contagiosa de raiva.

Quarentena é mais um caso de filme que não tem razão de existir. Se é tão difícil assim fazer os estadunidenses lerem legendas, que comecem a dublar os filmes estrangeiros por lá. Mas é claro que isso não vai acontecer, porque para eles, o filme só existe se é produzido por lá. Se por um lado ajuda a manter a indústria viva, por outro cria refilmagens quase literais como essa, Vanila Sky e Funny Games. A sorte é que tem também casos como Os Infiltrados, de Martin Scorsese, que consegue ver o que há de bom em um filme ou uma história e melhorá-la, criando algo novo e igualmente empolgante. Mas, como sabemos, nem todo mundo é Scorsese.

Nota do Crítico
Regular