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Crítica

Crítica: Os Vigaristas

Rian Johnson emula Wes Anderson em filme de assalto misturado com dramédia

25.09.2009, às 11H00.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 10H05

É impossível não comparar o trabalho do diretor Rian Johnson (A Ponta de um Crime) em Os Vigaristas (The Brothers Bloom) com os filmes de Wes Anderson (Viagem a Darjeeling). Como Anderson, Johnson artificializa situações, cria personagens caricatos e estranho e situações que fazem rir, apesar da dramaticidade.

os vigaristas

Mas há mérito nessa inspiração. Os Vigaristas é um Anderson competente, afinal. O roteiro é afiado, inteligente e dotado de sequências cômicas ora sofisticadas ora beirando o pastelão, tudo com uma fotografia vibrante e trilha sonora jazzística. As reviravoltas também enfileram-se. Nada mais justo em se tratando de um filme de golpistas...

Os irmãos Bloom do título original nasceram do mesmo berço de personagens como Tom Sawyer e Huck Finn, pequenos malandros aventureiros, para tornarem-se trapaceiros profissionais na vida adulta. Stephen (Mark Ruffalo, de Ensaio sobre a Cegueira) e Bloom (Adrien Brody, do citado Viagem a Darjeeling) buscam ricos otários ao redor do globo. Para o primeiro, as trapaças merecem tramas "escritas como os russos escreviam romances - com arcos temáticos e infusão de simbolismo". Já o mais jovem sonha em viver uma vida realmente sua, não roteirizada pelo irmão.

O famoso tema do "último trabalho" é mais uma vez usado neste filme e o alvo é a bela, solitária e milionária Penelope (Rachel Weisz, de O jardineiro fiel). Com Bloom como isca, a entediada mulher é atraída à vida empolgante da dupla e sua perigosa parceira calada Bang Bang (Rinko Kikuchi, de Babel).

O elenco está impecável e, apesar do tema, as "poker faces" de Anderson são colocadas de lado conforme a trama, que também presta suas homenagens aos grandes filmes de golpe da década de 1970, se desenrola.

Os Vigaristas é uma comédia existencialista, sobre como cada um inventa histórias sobre si mesmo.

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Nota do Crítico
Ótimo