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Crítica

Crítica: Os Outros Caras

Humor de internet nas telonas

25.11.2010, às 18H09.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 13H00

A parceria do diretor Adam McKay e o comediante Will Ferrell, que já rendeu filmes como Quase Irmãos e Ricky Bobby - A Toda Velocidade, atinge em Os Outros Caras (The Other Guys, 2010) um de seus pontos mais altos, digno de figurar perto de O Âncora - A lenda de Ron Burgundy como um de seus melhores trabalhos.

Os Outros Caras

Os Outros Caras

Os Outros Caras

Se você assistiu a 10 minutos sequer de qualquer um dos filmes citados acima, já sabe o que esperar da novidade: humor pelo humor, sem grandes preocupações adicionais.

Na trama de Os Outros Caras, o detetive Aleen Gamble (Ferrell) cuida de relatórios de contabilidade forense sem se interessar pela ação nas ruas. Seu parceiro, o detetive Terry Hoitz (Mark Wahlberg), teve fim burocrático parecido depois que um acidente em serviço acabou rebaixando-o na hierarquia. Os dois trabalham na divisão policial de Nova York, ao lado dos grandes astros do departamento, Danson e Manzetti (Dwayne Johnson e Samuel L. Jackson), mas uma pista em um caso os coloca em uma inesperada posição de destaque.

Ferrell e Wahlberg estão ótimos. O primeiro aparece mais contido que o habitual, enquanto o outro demonstra uma qualidade cômica imprevista. O elenco de apoio é igualmente divertido, especialmente a vulcânica Eva Mendes, que vive Sheila, a mulher "normalzinha" de Gamble. Johnson e Jackson, como os superpoliciais de Nova York, fazem uma paródia dos filmes de ação policial que dura uns bons 15 minutos de ação e explosões. O exagero é hilariante, especialmente o desfecho do arco dos dois - que é seguido por uma das cenas mais engraçadas das comédias do ano, a luta silenciosa, exemplo brilhante de utilização de humor fisico.

As piadas são ótimas e compensam o fraco último ato. Improvisações também são recorrentes, como a antológica discussão filosófica da luta entre o leão e o atum de Os Outros Caras. Com essa fusão de besteirol, humor físico, momentos surrealistas e boas atuações, nem vale a pena ficar relacionando os problemas do roteiro. O material para gargalhadas é farto e elas não param, incluindo aí algumas piadas recorrentes e inacreditáveis, como a da orgia de mendigos.

É como se em Os Outros Caras Ferrell e McKay tenham decidido parar de tentar fazer bons longas-metragens para entregar uma antologia de esquetes com os mesmos personagens... lição que parecem ter aprendido com o sucesso do site Funny or Die e curtas como The Landlord. A transição funciona tão bem quando o sistema do site deles, que engata um vídeo em seguida do outro até que você aperte o "stop". Assim, o filme vale pelas risadas, mas some rápido da memória na saída do cinema tão rápido quando os quadros do Funny or Die quando você finalmente fecha o navegador.

Nota do Crítico
Bom