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Crítica: O Último Exorcismo

Cinematografia do capeta

23.09.2010, às 18H04.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 09H10

Filmes de terror de baixo orçamento sempre existiram na indústria, mas agora, aliados à estética documental caseira que virou moda há alguns anos, têm ocupado espaço de destaque nos cinemas. Que estúdio não quer, afinal, investir menos de 2 milhões de dólares e faturar 40 milhões nas bilheterias? Em Hollywood, filmagem tosca virou commodity.

O Último Exorcismo

O Último Exorcismo

O Último Exorcismo

O Último Exorcismo (The Last Exorcism, 2010) é o mais recente exemplo dessa onda. Começa com uma equipe de filmagens acompanhando um pastor exorcista (Patrick Fabian) no que ele espera ser seu último trabalho: ir até uma cidadezinha no sul dos Estados Unidos para desvendar a possessão de uma garota (Ashley Bell). Mas aos poucos, conforme o sjueito, que há anos tira dinheiro dos crédulos sulistas, tenta provar para as câmeras que tal fenômeno não passa de crendice, o cenário começa a parecer cada vez mais estranho. Seria o caso verídico ou mais um trabalho de rotina?

Como a equipe de filmagens na trama está efetivamente rodando um documentário, a produção aproveita para incorporar cabos, microfones e cenas de bastidor à história. Os cenários da sinistra Louisiana também ajudam na ambientação realista. A falta de orçamento do filme colabora para suas intenções.

No entanto, como Atividade Paranormal, seu sucessor imediato no gênero, o truque de O Último Exorcismo rapidamente pode ser desvendado. Sem dinheiro não há efeitos especiais, então prepare-se para uma hora de insinuação e expectativa, com direito a close-ups "dramáticos" no rosto da menina encapetada e outras formas de embromação cinematográfica. A produção tem que economizar tudo o que pode até os minutos finais, quando mostrará alguma coisa assustadora de verdade. Curiosamente, nada inédito, já que o filme precisa ser vendido e, como as cenas são as únicas dignas de exposição "marqueteira", você já as conhece do trailer.

O lado bom dessa manipulação toda? Sobra tempo para desenvolver personagens e acompanhar o pastor em seu falatório incessante. Sem pirotecnicas o longa precisa se apoiar em sua história, que se torna razoavelmente interessante (ignorar furos de roteiro já é algo inerente ao público) e apresenta algumas reviravoltas decentes ao final.

Mas o público não deve demorar para perceber que em filmes assim a tosquice é muleta e muito pouco acontece de verdade... é apenas uma questão de tempo até que o gênero se canibalize. E se no começo a produção até se esforça para dar alguma qualidade cinematográfica a O Último Exorcismo, a correria e tremedeira a la Bruxa de Blair do clímax é indefensável. Funcionou no passado, mas eu ficaria irritado em pagar uma entrada de cinema para não ver o que está acontecendo. Até o diabo pega na câmera em determinado momento - e saiba você que ele é péssimo cinegrafista.

Nota do Crítico
Regular