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Crítica

Crítica: O Nome Dela é Sabine

Documentário premiado em Cannes fala das dificuldades enfrentadas pelas famílias com filhos autistas

MF
27.08.2009, às 17H00.
Atualizada em 10.11.2016, ÀS 18H05

O documentário francês O Nome Dela é Sabine (Elle s’appelle Sabine, 2008), ganhador do prêmio da crítica internacional de Cannes em 2007, não é um filme para qualquer um, nem para qualquer dia. Seu conteúdo é pesado: trata do autismo da Sabine do título, uma jovem que tinha uma infância normal, até que começou a desenvolver traços de uma doença mental que apenas muito mais tarde seria diagnosticada como autismo. Quem conta a história é a irmã mais velha de Sabine, Sandrine Bonnair, atriz de filmes como Confidências Muito Íntimas (2004), que estreia aqui como diretora.

O Nome Dela é Sabine

O Nome Dela é Sabine

O Nome Dela é Sabine

Ao ver o estado de saúde de sua irmã piorar ano a ano, Sandrine começa a vasculhar os seus arquivos pessoais em video8 e se deparar com a degradação que a internação no hospital está trazendo à sua irmã caçula. Foram cinco anos em intensivo tratamento em um hospital, que transformaram a outrora sorridente e feliz garota em uma mulher que vive cansada, baba sem parar e se repete constantemente, mostrando que não tem mais noção da realidade.

E esta é uma das características principais do filme: não esconder a verdade. Sandrine mostra os enfermos em seus momentos de paz e nas suas crises. Outro diferencial do documentário é a forma como as cenas digitais e perfeitinhas feitas agora contrastam com o granulado do video8 amador de outros dias. É como se a realizadora quisesse dar ao seu passado um tom de sonho, voltando no tempo para um período em que tudo funcionava, mas não era claro como a realidade de hoje.

O filme não foi idealizado para explicar ao público o que é o autismo e o que ele afeta as pessoas - embora faça tudo isso -, mas sim mostrar a dificuldade enfrentada pelas famílias das pessoas que sofrem deste e de outros problemas mentais. Em um dos poucos depoimentos do longa, a mãe de outro interno da casa onde Sabine mora fala que mesmo sendo da área científica, mais lógica, se sente culpada todos os dias pelo estado do seu filho.

Os poucos momentos de felicidade do documentário são as antigas filmagens de Sabine, sobretudo na sua viagem aos Estados Unidos, ainda na adolescência. Por muito tempo, as únicas coisas que a alegravam eram aprender inglês e tocar piano. Seu estado foi piorando depois que a família se separou e os irmãos seguiram seus rumos, deixando Sabine sozinha em casa com sua mãe. Foi nesse momento que o lado violento começou a crescer e levou a família a interná-la.

Quando saiu, já não era mais a mesma. Seus cabelos tiveram de ser cortados, pois ela estava se machucando, havia engordado por culpa dos medicamentos, estava irreconhecível. E, o pior, não tinha para onde ir. Depois de muito tempo procurando, Sandrine usou suas influências para criar o centro psiquiátrico onde Sabine passou a viver e está, pouco a pouco, retomando algumas de suas atividades normais. "Seus medicamentos já foram cortados pela metade", diz Sandrine no final, numa mistura de tristeza, nostalgia e denúncia. Por tudo isso, fique avisado: veja este comovente e sincero filme em um dia em que tudo esteja bem.

Nota do Crítico

Ótimo
Marcelo Forlani

O Nome Dela é Sabine

Elle S´appelle Sabine

2007
85 min
Documentário
País: França
Classificação: 14 anos