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Crítica: Jogando com Prazer

Ashton Kutcher vive um garotão que adora quarentonas ricaças. Onde é que já ouvimos isso antes?

24.09.2009, às 16H00.
Atualizada em 08.11.2016, ÀS 08H06

"Los Angeles, Califórnia. Quando eu cheguei aqui eu tinha um sonho. Um sonho de uma vida fácil: mulheres gostosas, carros esportivos, drinks à beira da piscina...E adivinha só? A maior parte dele virou realidade." É com este argumento que Nikki, personagem interpretado por Ashton Kutcher, abre o filme Jogando com Prazer (Spread).

Jogando com Prazer

Jogando com Prazer

Ao lançar sua premissa inicial, Nikki nos mostra o lado mítico de Los Angeles e do glamour de Hollywood, que todos os dias recebe ex-reis e rainhas de bailes de formatura, esperançosos por uma chance de chegar ao estrelato. Acompanhamos então o personagem em sua busca por um estilo de vida privilegiado, conquistado puramente na base do charme, físico atraente e, acima de tudo, auto-confiança, um atributo que desmonta qualquer mulher. Nikki seduz "coroas" endinheiradas e passa a viver sustentado por elas, sendo o sexo a moeda de troca. Ele se vê como um Don Juan e narra o filme compartilhando com o espectador seus segredos de conquista, numa espécie de manual para "se dar bem".

Nikki então conhece a advogada quarentona (mas com tudo em cima) Samantha, vivida por Anne Heche. Passa a morar em sua casa, onde, bancado por ela, desfruta de luxo, mordomias, festas, compras em lojas de grife e muito sexo. Enquanto as cenas são mais explícitas, mostrando mais carne que a normalidade neste tipo de filme, elas são pouco calientes. Aliás, é em temperatura morna que esta comédia romântica nos conduz por sua trama. Não há nada de espetacular para encher os olhos; a fotografia é bela, mas nem tanto, as locações são luxuosas, mas sem tirar o fôlego. Nem os figurinos - outra das qualidades pelas quais LA é conhecida - empolgam, já que Nikki passa o filme inteiro com a mesma calça! A atuação também deixa a desejar, especialmente em cenas de maior profundidade emocional que a habilidade dos atores não consegue preencher.

Vemos então o galã oportunista conhecer a linda garçonete Heather (Margarita Levieva) por quem ele desenvolve um interesse genuíno. Mal sabe ele que sua nova amada está jogando com as mesmas cartas. Para ambos, o dilema em mãos é o mesmo: continuar em seu jogo de vida fácil ou se atirar nos braços de um grande amor, mas que nada poderá proporcionar-lhes além do amor em si. O que vem em primeiro lugar? O amor e a liberdade de escolha, ou o dinheiro, atrelado a uma relação de dependência? Há um preço a ser pago pelo estilo de vida glamuroso.

David Mackenzie (Paixão sem Limites, O Jovem Adam) dirige o filme de maneira impessoal, quadrada, cheio de apostas seguras, sem gerar envolvimento ou identificação. Conforme o final se aproxima não nos vemos torcendo por um final feliz ou pela redenção de nosso herói. Jogando com Prazer é praticamente um veículo de afirmação para a beleza e sex appeal de Ashton Kutcher. Estes sim funcionam muito bem.

Nota do Crítico
Regular