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Crítica

Crítica: Gamer

Diretores de Adrenalina fazem sci-fi pop e barata em homenagem à era pré-Matrix

01.10.2009, às 16H00.
Atualizada em 11.11.2016, ÀS 13H06

Os roteiristas e diretores de Adrenalina, Brian Taylor e Mark Neveldine, são de uma geração que cresceu na década de 1980, mas seu novo filme de ação, Gamer, está impregnado de anos 90. Pistas de BMX, raves, músicas do Bloodhound Gang (aquela do Discovery Channel) e do Marilyn Manson (a versão dele para "Sweet Dreams"), estética que parece saída de um desenho de Peter Chung...

É como se a dupla empregasse seu virtuosismo e sua despretensão para relembrar esse tempo, pré-Matrix, em que fazer ficção científica pop e barata não implicava ser um filósofo graduado, nem excluía a diversão.

A própria premissa, ainda que evoque os Counter-Strikes de hoje em dia, pode ser vista como uma homenagem à Era de Ouro dos jogos de tiro em primeira-pessoa, dos primeiros idos da id Software. Dentro do filme, o jogo se chama Slayers, e o nosso herói, Kable (Gerard Butler), está a caminho de se consagrar campeão. O problema é que sua vitória não depende só dele, mas também de Simon (Logan Lerman), o moleque que o controla.

O shooter Slayers, invenção do triliardário empresário sulista Ken Castle (Michael C. Hall), se baseia na tecnologia nanex (nano + cortex), em que células do cérebro de uma pessoa são gradualmente modificadas via nanotecnologia para permitir controle remoto. Dentro de Slayers, os jogadores são humanos de verdade - condenados ao corredor da morte que escolhem o campo de guerra do game em troca do perdão da pena.

Kable está quase lá, e ele espera reencontrar na vida real a esposa e a filha que havia deixado para trás. A situação da mulher, Angie (Amber Valletta), não é das melhores: ela atua via nanex em um The Sims populado por depravados. Se o garoto que controla Kable é "do bem", o de Angie é o típico gordo com sudorese que não perde a primeira oportunidade de ter sexo virtual. O caso é que para Angie o sexo é bem real.

Temos aí, então, a situação clássica do cavaleiro que precisa salvar a donzela do dragão - mas aqui o cavaleiro dispensa o cavalo e vomita vodka no tanque de gasolina para fazer o carro pegar. Embora seja menos surtado do que Adrenalina, Gamer é o típico produto com a marca Neveldine/Taylor: um cinema ligeiro de sensações, que tem consciência do ridículo embutido em sua cafonice (as luzes e o balé na mansão de Castle, por exemplo) e que faz dessas escolhas fora de moda um manifesto para os dias de hoje.

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Nota do Crítico
Ótimo