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Crítica

Feliz Que Minha Mãe Esteja Viva | Crítica

Filme insinua situação edipiana mas perde a oportunidade do desfecho trágico

24.03.2011, às 18H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H10

Em Feliz Que Minha Mãe Esteja Viva (Je suis heureux que ma mère soit vivante, 2009), acompanhamos a busca de Thomas, filho adotivo do casal Annie e Yves Jouvet (Christine Citti e Yves Verhoeven), por sua mãe biológica.

Feliz Que Minha Mãe Esteja Viva

Feliz Que Minha Mãe Esteja Viva

Aos quatro anos, Thomas, vivido então por Gabin Lefebvre, é abandonado por Julie Martino (Sophie Cattani), jovem e irresponsável demais para cuidar dele e de seu irmão bebê. O abandono gera em Thomas um sentimento de raiva, que vemos se materializar quando ele chega aos 12 anos, durando até sua vida adulta. A história é contada em recortes de três momentos, mostrando Thomas na infância, pré-adolescência e como jovem adulto de 20 anos, vivido por Vincent Rottiers.

Enquanto aos 12 anos a revolta do menino é aceita e relevada, como um fenômeno normal de tornar-se adolescente, na vida adulta ninguém mais será prejudicado por decisões movidas à raiva a não ser ele próprio. Chega a ser irritante assistir ao personagem agindo de maneira insensata, no melhor estilo "aborrecente". No entanto, é a irracionalidade de Thomas que move a trama.

Quando reencontra a mãe, ele tenta achar formas de preencher o vazio deixado pelo abandono há tantos anos, e participar de sua vida, passando a morar na casa de Julie. A relação entre os dois desenrola-se de maneira não convencional e é inevitável enxergar ali toques de Édipo, em uma combinação do conceito da psicologia com a tragédia de Sófocles.

Logo no início do filme, percebemos as insinuações edipianas, como na cena em que Julie troca de roupa no apartamento quarto-e-sala em que morava e é observada pelo filho, então com quatro anos. O transitar da câmera por pés, tornozelos e outros vislumbres de pele já preparam o caminho para o sentimento de posse e possíveis situações incestuosas que estão por vir. E, levando em consideração o sofrível encerramento da trama - seria o perdão realmente necessário? -, antes tivéssemos nas telas o dilacerante desfecho trágico da peça passada em Tebas.

Feliz que Minha Mãe Esteja Viva | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Regular