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Crítica

Crítica: Eu Matei Minha Mãe

Filme usa a relação problemática entre mãe e filho para explorar a complexa natureza do amor familiar

30.09.2010, às 18H15.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H08

A produção canadense Eu Matei Minha Mãe (J'ai tué ma mère, 2009) propõe-se a explorar a natureza da relação entre mãe e filho tomando como exemplo a problemática relação entre Hubert (Xavier Dolan) e sua mãe Chantale (Anne Dorval).

Eu Matei Minha Mãe

Eu Matei Minha Mãe

Dolan, diretor e protagonista do filme, escreveu a história quando tinha 16 anos, com base em suas próprias experiências. Na forma de um desabafo cinematográfico, as angústias de Hubert são mostradas na tela com muita intensidade e é por se basear em um sentimento real que as situações não parecem extremas ou caricatas.

Hubert frequenta o colegial e discute com a mãe no café da manhã, no carro, no jantar... A raiva que ele sente de Chantale se agrava ainda mais quando ele conhece a mãe de seu seu namorado, Antonin (François Arnaud), mulher liberal, que leva garotos mais jovens pra casa, não vê problema na homossexualidade do filho e até permite que ele fume maconha em seu quarto.

No entanto, por mais que às vezes Hubert perca o controle e externe sua raiva e frustração de forma violenta, este não é um filme sobre ódio pela mãe. É evidente que Hubert ama Chantale. Se não houvesse amor, não haveria tamanha intensidade na raiva. Temos aqui um sentimento que não é unicamente benigno e está mais para aquele amor em busca de reconciliação de Fernando Pessoa, que pede "tempo para acertar nossas distâncias".

Eu Matei Minha Mãe não é maniqueísta. Hubert não discute com a mãe porque ela é má ou o priva de suas vontades. Chantale está ali tão perdida quanto o filho que criou sozinha, sem saber como impor-lhe disciplina ou recuperar a proximidade que existia quando ele era apenas um menino.

Além do foco na atuação, Dolan também faz boas escolhas como diretor, utilizando a imagem para complementar a narrativa - peca apenas quando tenta desnecessariamente intensificá-la com simbolismos (borboletas e imagens de santas: quem aguenta?). Mas, para aqueles que se identificam com a situação ali retratada, não há como deixar o cinema intocado. A força do filme está mesmo no emocional.

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Nota do Crítico
Ótimo