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Crítica

Crítica: Crepúsculo

Sucesso nas livrarias, adaptação aos cinemas não empolga

18.12.2008, às 18H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H43

Crepúsculo (Twilight, 2008) é um fenômeno. Os livros escritos por Stephenie Meyer vendem mais do que hemoderivados na Transilvânia. E o filme consegue brilhar nas bilheterias mesmo acumulando críticas negativas - algumas vindas dos próprios fãs e seguidores da franquia. Mas a pergunta é: vale todo o barulho que está sendo criado ao seu redor? Sem ler o livro, diria que não. O filme não é ruim - na verdade, é até superior ao que os primeiros trailers mostravam -, mas ainda assim tem cara de telefilme, com apenas lampejos de bom cinema, caso da seqüência inicial, em que um veadinho é perseguido na floresta.

Crepúsculo

Crepúsculo

Crepúsculo

Crepúsculo

E já nessa tomada descobrimos que tem mais nas florestas do que animais indefesos tentando tomar um pouco de água ou pastar em paz. Enquanto isso, do outro lado dos Estados Unidos, a adolescente Isabella Swan (Kristen Stewart) se despede da casa onde morava com sua mãe, que se casou novamente e vai viver na estrada com seu novo marido, um jogador de beisebol da segunda divisão. À menina, sobra a alternativa de ir para a casa do pai, com quem não tem muito diálogo. Se antes conseguia ser invisível, ela chega à pequena Forks sendo a manchete do jornal da escola.

É neste clima de "primeiro dia de aula da aluna novata" que vamos conhecendo a fauna do "high school" local, que pela primeira vez nos cinemas não tem a sua "bitch", aquela que vai rivalizar com a novata. O contraponto está estampado na figura dos Cullen, filhos adotivos do Dr. Carlisle (Peter Facinelli), que não se misturam com os outros alunos e são extremamente pálidos - além de ricos. Logo de cara, Bella (como prefere ser chamada), se interessa pelo único desacompanhado do grupo, Edward (Robert Pattinson), com quem acaba dividindo a bancada nas aulas de biologia.

Os dois se tornam amigos e logo algo mais. Ao contrário de todos os outros habitantes da cidade, ela não demora a usar o Google e descobrir que ele é um vampiro. A curiosidade só aumenta a sua paixão - que é correspondida. Daí vem a primeira grande pergunta da trama: como vai conseguir conviver o casal formado por um vampiro com poderes sobre humanos que não morre e uma menina mortal? A saber, a outra questão é: quem está matando moradores da região e chupando todo o seu sangue?

Todas as respostas serão resolvidas ou ao menos temporariamente solucionadas, deixando ganchos já certos para a continuação Lua Nova, que ganhou sinal verde assim que Crepúsculo começou sua bem sucedida carreira nas bilheterias da América do Norte. Os atores estão confirmados e passam a ser um problema aos produtores já que o pó de arroz não necessariamente deixa o inglês Robert Pattinson mais jovem. Hoje aos 22 anos, ele já não engana ninguém (além dos habitantes de Forks) ao dizer que tem 17. Uma mudança certa é a chegada do cineasta Chris Weitz, que substitui Catherine Hardwicke. O diretor de A Bússola de Ouro e Um Grande Garoto tem melhores chances de recriar cenários fantasiosos, já que deve ter em suas mãos um orçamento maior.

Não espere de Crepúsculo o reinício das boas histórias estreladas por vampiros clássicos. A nova franquia joga fora crendices como a inexistência de reflexos em espelhos, medos de cruz ou pavor da luz do sol. Os chupadores de sangue agora têm muito mais glamour e sua pele deixa de queimar para ganhar aspecto de diamante. Mas ainda estão lá a velha rivalidade com os lobos e uma novidade: sua predileção pelo beisebol. Sabendo que a mordida no pescoço é inevitável, o jeito é relaxar e curtir a eternidade... enquanto ela dura.

P.S. E um avisto à Paris Filmes, que lança o filme no Brasil. Não dá para tratar um dos seus principais lançamentos do ano desse jeito, exibindo o longa-metragem em uma sala com um sistema de som ultrapassado e que produz mais chiados do que qualquer cachoeira. Isso sem contar as pessoas que ficam entrando e saindo da sala, tirando a atenção de quem está tentando ver o filme.

Nota do Crítico
Regular