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Crítica

Crítica: Com as próprias mãos

Com as próprias mãos

28.10.2004, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 21H01

Durante quinze anos Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger reinaram absolutos no cinema em papéis de heróis solitários. Normalmente, eles enfrentavam exércitos sozinhos e resolviam seus problemas distribuindo bordoadas e tiros para todos os lados. Com o avançar das idades dos dois, Hollywood precisava criar novos ícones. A saída veio com Vin Diesel e Dwayne "The Rock" Johnson, ambos herdeiros dos heróis estilo brucutu. Com as próprias mãos (Walking tall, 2004), estrelado pelo segundo, atinge seu objetivo de divertir a todos que gostam do lema "exército de um homem só". É pura diversão para o público masculino. Tem ação, mulheres bonitas e um herói que parece ter saído da época das cavernas.

Com as Próprias Mãos

Com as Próprias Mãos

Com as Próprias Mãos

The Rock interpreta Chris Vaughn, soldado aposentado das Forças Especiais do Exército Americano, que volta à sua cidade natal para reatar laços e iniciar uma nova vida. Mas enquanto ele esteve fora, a cidade de sua infância sofreu uma degradação e tornou-se um local controlado pelo crime. Seu ex-rival dos tempos de colégio, o ricaço Jay Hamilton (Neal McDonough) fechou a antes próspera serraria, a empresa que mais empregos dava à região, e transformou a cidade num local de crime, drogas e violência. Vaughn elege-se xerife e ao lado de seu amigo Ray Templeton (Johnny Knoxville), promete acabar com as operações de Hamilton.

A história é baseada na vida do xerife do Tennessee Buford Pusser. Esse fato já tinha chegado aos cinemas em 1973. A primeira versão chamou-se Fibra de valente (Walking Tall) e foi estrelada por Joe Don Baker. O sucesso foi tão grande, que gerou duas seqüências: Fibra de valente II (1975) e Fibra de valente: o capítulo final (1977). Em ambas as continuações o ator Bob Svenson interpretou o famoso xerife. Buford Pusser era um típico branco morador de uma cidade do sul dos Estados Unidos. Essa região americana sofre até hoje pelo racismo e maioria dos seus habitantes possuem armas e costumam ser muito agressivas. Buford conseguiu eleger-se xerife e sua notoriedade veio do uso de um cedro em forma de bastão para manter a lei na cidade. Parece inusitado, mas era a forma sulista de combater a violência que imperava.

Nesta nova versão foram feitas adaptações para que a trama ficasse verossímil. The Rock, por ser de cor, nunca seria eleito numa cidade do sul americana. A ação foi transportada para Fergunson, Washington. O uso do bastão veio por ser ele um carpinteiro e antigo empregado da serraria. Inclusive a cena de seu primeiro contato com o bastão é muito bem realizada. Sua motivação para fazer justiça também é construída com dignidade no roteiro. Ele vê sua antiga namorada do colégio sendo dançarina do cassino, quase é morto pelos seguranças de Hamilton e por muito pouco não perde seu sobrinho, que tem uma overdose com as drogas compradas dos homens de Hamilton.

O filme também tem problemas, principalmente de coerência. A cidade de Fergunson parece ser o local da mansão da Playboy. Todas as mulheres que trabalham no cassino parecem playmates. A quantidade de drogas produzida poderia abastecer todo o Estado de Washington. O armamento usado pelos bandidos é de causar inveja ao exército americano. Johnny Knoxville, da série Jackass, está na produção apenas para ser o alívio cômico. Ele faz aquele estereotipado amigo do protagonista. Mas você não deve prestar atenção a esses detalhes se quiser curtir a sessão. Até porque ao fim dela, você já terá esquecido o filme.

Nota do Crítico
Bom