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Crítica

Crítica: Asterix nos Jogos Olímpicos

Comédia francesa sabe rir do ideal de beleza olímpico, mas não tem mesma qualidade narrativa da HQ

07.08.2008, às 17H00.
Atualizada em 05.12.2016, ÀS 10H01

Olimpíadas, a celebração do belo. Não por acaso os Jogos são uma invenção dos gregos, cultores do corpo. E em Asterix nos Jogos Olímpicos desfilam alguns, de peitos nus - egípcios torneados, gregos perfeitos, germânicos fortes, italianos belos. E aí para representar os gauleses surge o rotundo Gerard Depardieu com aquele inchado nariz de francês que prefere cultuar um bom vinho.

asterix

A nova adaptação ao cinema da irredutível criação de René Goscinny e Albert Uderzo conserva a essência da HQ: uma grande piada interna eurocêntrica em que a especialidade dos franceses (além de preservar na marra a cultura da velha Gália) é tirar sarro dos outros. Obelix é uma bola e Asterix é um nanico, e por serem diferentes é que podem muito bem ridicularizar os ideais de beleza do mundo romano.

Como nos gibis, em que a dupla se vira ao canto do quadro para rir em voz baixa, no filme Asterix e Obelix parecem se divertir alheios ao que acontece ao redor. Está em curso um plano de Brutus (Benoît Poelvoorde) para se casar com a princesa da Grécia (Vanessa Hessler), algo que o gaulês Apaixonadix (Stéphane Rousseau, o filho de Invasões Bárbaras), enamorado por ela, quer evitar - e para tanto almeja vencer a Olimpíada. Depardieu dá o show de sempre como Obelix e Clovis Cornillac (Eterno Amor), o novo Asterix, dá ao papel o tom de galhardia que ele merece.

Goscinny e Uderzo aliavam esse descompromisso com um grande senso de narrativa - e é isso que falta ao filme. Desde o começo os diretores Frédéric Forestier e Thomas Langmann mostram que sabem pouco da arte com que estão lidando - é só tomada aérea, tomada de grua e música genérica... Asterix nos Jogos Olímpicos é o filme mais caro da história da França, e dá pra ver que seus estimados 90 milhões de dólares foram torrados com efeitos digitais. Sobram perfumarias, sobram referências que só europeus vão pegar (como músicas pop de lá) e falta o bom e velho começo-meio-e-fim.

E falta literalmente, já que o longa se estende além de seu desfecho ao redor do banquete. O filme já deveria ter terminado, mas surgem em uns dez minutos de cena as participações especiais de Jamel Debbouze, Zinedine Zidane e Tony Parker. É mais uma prova de que Forestier e Langmann estão mais interessados nos floreios do que na narrativa, o que nessa hora beira o constrangimento.

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Nota do Crítico
Regular