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Crítica

Asterix e o Segredo da Poção Mágica

Nova animação do gaulês reúne bom humor e espetáculo visual que encanta, mas não empolga

19.09.2019, às 17H15.

Asterix é um dos grandes exemplos da cultura francesa. Criado em 1959 por Albert Uderzo e René Goscinny, o guerreiro e seu fantástico elenco conquistaram relevância na cultura pop através não só das ótimas HQs, como também das adaptações para o cinema. O universo dos gauleses ganhou o mundo com animações e live-actions, até que, em 2014, as aventuras receberam nova roupagem em Astérix e o Domínio dos Deuses, animação em 3D dirigida por Alexandre Astier e Louis Clichy, que adapta um dos mais clássicos quadrinhos. A recepção foi tão positiva que a dupla retornou à Gália com Asterix e o Segredo da Poção Mágica, uma sequência que toma um caminho diferente e conta uma história que encanta mas não empolga.

A nova aventura começa após Panoramix, o druida da aldeia, cair de uma árvore. Esse evento trivial causa uma epifania no sábio, que passa a crer que precisa de um substituto. Sendo a única pessoa capaz de criar a famosa Poção Mágica que dá força a seu povo, o que impediu o Império Romano de conquistá-los, cabe a ele passar a receita a um jovem druida para que a fonte de poder não morra com ele. Após tentar de todas as formas convencê-lo de que tudo não passou de um simples acidente, Asterix e Obelix são recrutados para acompanhá-lo nessa aventura por todo o país enquanto o Império Romano firma uma perigosa aliança que coloca os gauleses em risco.

Asterix e o Segredo da Poção Mágica é audacioso desde sua premissa, ao optar por contar uma história inédita repleta de novas ideias. A jornada tem como antagonista Sulfurix, um druida maligno que quer roubar a fórmula da poção para si. Mostrar um outro lado dos sacerdotes beneficia a trama, criando novas dinâmicas e piadas que se unem às já estabelecidas em outras produções. Além do vilão, é apresentada a pequena Pectine, uma menina da aldeia que é utilizada no filme para desafiar algumas das regras desse universo, como o fato de que apenas meninos podem se tornar druidas. Entretanto, a animação não dá espaço para que todos esses conceitos se desenvolvam, transformando enredos em meros ganchos. Prevalece a impressão de que há algo faltando, problema que atinge também a narrativa principal.

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Linear e sem muitas surpresas, a história intercala bons momentos de comédia e ação, mas escorrega ao entregá-los de forma convencional e sem brilho. Os conflitos são resolvidos com pouca inventividade, quase que de forma burocrática, o que poderia condenar o filme se não fosse o esmero em tornar os personagens tão carismáticos. A resignação de Asterix, um herói de poucas falas e muitas ações, é tão contagiante quanto o carisma de Obelix, que é capaz de arrancar risadas em pequenas ações. Esse foco é benéfico para todo o elenco, mesmo aqueles cuja participação é uma curta piada. Isso favorece a experiência, cujo principal trunfo está em seu visual.

Materializar o mundo de Asterix através de animações em 3D se mostrou uma boa ideia já em O Domínio dos Deuses, mas o visual ainda não tinha atingido a riqueza de detalhes impressa por Albert Uderzo nas HQs. Para O Segredo da Poção Mágica, o estúdio Mikros Image redobrou seu esmero, criando visuais que enchem os olhos por sua beleza e identidade. Tanto os cenários, quanto os designs de personagens - com destaque para Sulfurix - deixam claro o empenho da empresa em criar uma identidade para a produção, que cativa em pequenos detalhes, desde uma gota pingando em um frasco, até a criativa concepção de cenários como florestas e aldeias, onde toda a ação acontece.

Se os fãs mais exigentes podem se decepcionar pela falta de profundidade da história, o filme é uma boa oportunidade para reunir a família em um programa único. A junção do humor, que funciona para todas as idades, com o espetáculo visual torna os quase 90 minutos uma boa forma de conhecer ou revisitar a Gália em mais uma aventura de Asterix, Obelix e os bravos gauleses.

Nota do Crítico
Bom