Robert Rodriguez segue alternando sua cinematografia entre algumas das mais estilosas produções do cinema de ação (Sin City, Planeta Terror) e frenéticas aventuras infanto-juvenis (Pequenos Espiões, Shark Boy e Lava Girl).
Agora, para os desgosto dos fãs adultos do cineasta, é vez do segundo grupo e A Pedra Mágica (Shorts) chega às telas. No filme - que além de roteirizar e dirigir, Rodriguez produz e acumula as funções de diretor de fotografia, montador, supervisor de efeitos e autor da trilha sonora -, em um subúrbio típico dos EUA, todo mundo trabalha para a Black Box, empresa fabricante de aparelhos eletrônicos de altíssima tecnologia e multifuncionais. Essa ordem estabelecida desanda quando um garoto de 11 anos é acertado na cabeça por uma pedra da cor do arco-íris que concede desejos a quem a segurar.
Trata-se do mais exagerado e descontrolado dos filmes-família do cineasta, a começar da premissa estrutural. Buscando despertar nas crianças algum senso crítico - e aí até há um certo mérito - , Rodriguez optou pela não-linearidade da trama, montando o filme como um quebra-cabeça de curtas (os "shorts" do título original).
Pena que todo o resto seja lamentavelmente carregado e supercaricato, sem qualquer respiro. É uma sucessão interminável de gags movidas pela ideia central: a pedra dos desejos, que manifesta qualquer coisa, por mais insana que seja. Então tome monstros gigantes, exércitos de crocodilos, alienígenas e um sem-fim de elementos visualmente interessantes, mas que desfilam pela tela sem conexão ou relevância dramática.
Assim, o elenco de astros indies como William H. Macy, Leslie Mann e James Spader - que divide as telas com atores-mirins desconhecidos -, parece estrelar uma propaganda longa-metragem de Nescau. Até o arco-iris está lá. Fica a dica para que não falte o rio de achocolatado da próxima vez.