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Crítica

Crítica: A Era do Gelo 3

Franquia entra na "Era do 3-D", mas não se deslumbra

02.07.2009, às 17H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 10H03

A lucrativa franquia A Era do Gelo chega à sua terceira edição novamente sob a direção do brasileiro Carlos Saldanha. Desta vez, porém, o inusitado grupo de mamíferos que tenta sobreviver durante a dramática mudança climática global ganha o reforço do 3-D estereoscópico, recurso em que a indústria do cinema aposta para tirar os espectadores de casa e colocá-los no cinema.

Era do Gelo 3

Era do Gelo 3

Era do Gelo 3

A ferramenta é bem aproveitada. Saldanha não se deixa deslumbrar pela tecnologia, usando-a com inteligência e guardando-a para as cenas climáticas de ação. Essas sequências são muito bem executadas, geralmente envolvendo elementos que amplificam a sensação da tridimensionalidade, como túneis de gelo, resultando em verdadeiros passeios de parque de diversões.

Na nova aventura, os mamutes Manny e Ellie vão ter um filhote. O acontecimento, no entanto, causa sensações diversas em seus companheiros de aventura, o tigre dentes-de-sabre Diego e a preguiça Sid. O felino crê que os amigos estão deixando-o menos selvagem e pensa em partir. Já o divertido Sid começa a pensar em ter sua própria família - e sai à caça de uma, dando início a uma jornada do grupo por um vale perdido, onde ainda existem os últimos dinossauros.

A adição desse cenário inusitado dá à série novas e ameaçadoras criaturas, mas também um dos melhores personagens de toda a Era do Gelo até aqui: Buck, o caçador de dinossauros. Espécie de Capitão Ahab de Moby Dick, a doninha caolha é obcecada por um réptil colossal e vive completamente sozinha (e um tanto surtada) no vale perdido. Esse guia insano - no original dublado pelo onipresente Simon Pegg - leva o grupo através dos perigos do mundo jurássico e vem acompanhado não apenas de design perfeito e personalidade cativante, mas também de uma assinatura cinematográfica toda particular. A Buck, Saldanha reserva close-ups dramáticos, flashbacks estilizados (como se fossem filmes antigos, em 3-D!) e um carinho especial.

São desse caçador as melhores cenas do filme, superando até mesmo as sequências do campeão de popularidade da franquia nos primeiros dois filmes, o esquilo Scrat. Mas os fãs do faminto roedor ficarão satisfeitos em saber que ele tem ainda mais tempo de tela desta vez e não vem sozinho...é acompanhado por uma esquilo fêmea, Scratte. As cenas dos dois "casados" são de partir o coração - Scrat sente na pele a rédea curta de uma fêmea castradora. Felizmente, ele não se deixa emascular tão fácil e deveria tornar-se um novo ícone da macheza. Viva o squirrel power!

Como sempre na série, vale ressaltar também o trabalho dos dubladores. O novato Buck é dublado por Alexandre Moreno (a voz de Ben Stiller e Adam Sandler no Brasil), que se junta a um dos melhores elencos de dublagem de todas as séries animadas no cinema por aqui. Não se perde nada assistindo A Era do Gelo 3 (Ice Age: Dawn of the Dinossaurs) na versão em português graças a Diogo Vilela (Manny), Márcio Garcia (Diego), Cláudia Jimenez (Ellie) e o excelente Tadeu Mello (Sid).

Com A Era do Gelo 3, Saldanha prova por quê é considerado o brasileiro mais importante em Hollywood na atualidade. O diretor faz um cinema universal, divertido, inteligente sem exageros e, o que mais importa por lá, lucrativo. Com mais esse acerto deve conseguir o espaço de manobra para tornar-se mais que um competente diretor para a Fox, mas um autor de renome. Afinal, seu próximo projeto será a animação Rio, que, pela ambientação no Brasil, promete colocar algum calor nos até aqui "gelados" projetos desse carioca.

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Nota do Crítico
Regular